… A Páscoa da mudança (lá ando eu com a tralha às costas!)

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… Não gosto de mudança. Qualquer mudança significa deixar uma coisa para trás e essa coisa vai deixar de existir. Se gostar dela, lido muito mal com a ideia de deixar de a ter, de a ver, de a sentir, de a cheirar.  Não foi um fim-de-semana de sonho, porque aproveitei para começar a reforma da minha casa no Alentejo. Na verdade, é uma reforma adiada pela falta de tempo. Sou assim, decidi em dois dias. E em dois dias tratou-se de tudo. Vai começar! Durante a arrumação das coisas – que a casa teve que ficar vazia – fui obrigado a lidar com tudo o que tive que meter dentro de caixas e sacos. Eu lido mal com isso, já vos tinha contado aqui. Mesmo! Não sei explicar, mas fico nostálgico, triste, inseguro… Sei que aquilo não vai ser igual e que com a remodelação perde-se parte da sua história. A mudança é para melhor – será na certa – mas eu sou muito ligado à história que cada cantinho tem e ali há cantos que vão deixar de existir. Resta-me a memória. Esta coisa de meter pedaços de vida dentro de sacos e caixas aborrece-me, é um trabalho solitário, porque ninguém percebe que cada vez que se fecha um saco ou uma caixa fechamos uma data de histórias, cada vez que se abre uma gaveta ou um armário abre-se a recordação de uma data de histórias,  e cada vez que se aceita uma mudança, aceita-se que o que fica para trás desaparece, e eu – apesar de ter a expectativa da remodelação – não sei se me apetecia lidar com ela agora. Não devo ser caso raro, outras pessoas devem existir assim. Já fiz mudanças mais violentas, mais duras e mais complicadas do que esta, mas ‘esta’ fez-me viver todas as outras. Confesso-me um homem de rotinas, de cantos, de histórias e também entendo se ninguém me entender.

 

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