… Alentejo (Da minh’alma)

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… Não sei se é o cheiro, se são a pessoas, se sou eu, se é do meu sangue. O Alentejo será o meu lugar encantado sempre. Mesmo que o tempo mude, que as ideias mudem, que as pessoas mudem. Os meus sonhos vão passar pelo Alentejo. Pelas suas gentes, pelo lugares que me viram andar de um lado para o outro. Pelos olhos dos que passam por mim na rua e que se nota no rosto que vão envelhecendo com o calor estonteante e com o frio gelado que o Alentejo recebe. O escaldar do alcatrão, o cheiro a terra batida, as casas caiadas de branco, o azul nos rodapés, uma cadeira pequena à porta e uma conversa que se ouve a manhã toda. A tarde toda. O dia todo. À noite são os grilos. O Alentejo é parte da minha vida, porque não pode ser a vida toda. Sou um homem fechado dentro de uma concha, armado a ‘homem do mundo’ que quando dá de caras com Ele percebe que os braços estão sempre estendidos, até para aqueles que, armados ao pingarelho, acharam um dia que o Alentejo era menor. Eu reconheci-lhe valor assim que o senti. O maior dos afectos é, para quem entende o que muitos não compreendem. O Alentejo, que é um lugar de todos, passa a ser de cada alentejano quando se vive a verdade da terra. A tal terra a cheirar à gente que continua a meter a mãos nela. Na terra. Só assim se sabe a que sabe ela.

 

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