… A capa mentirosa (à custa de uma dolorosa verdade)

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… Se há uma pessoa em Portugal que defende a imprensa de celebridades, essa pessoa sou Eu. Conheço-a bem, talvez por pertencer aos dois lados e tentar sempre entender o lado de um e outro. Estou cada vez mais convencido de que a imprensa serve os interesses da celebridade e, na maioria das vezes, a celebridade ganha muito mais com o que se escreve sobre ela do que eventualmente pode vir a perder. Teria mil exemplos para dar com provas taxativas de uma realidade a que tenho acesso, porque ando nisto há vinte anos e gosto. Não sou daqueles que trata com pinças ou acha que há uma imprensa séria e outra menos séria. O que há é profissionais sérios e outros que não o são. Agora, não posso achar que a capa da revista Tv Guia desta semana faça sentido num Portugal onde há anos estamos a tentar levar este tipo de imprensa a sério. Não pode fazer. Não faz, não se pode permitir isto. É fácil de explicar: agarrando na capa da revista CRISTINA (da qual falarei ainda esta semana), onde Rebeca é protagonista com a sua história, a Tv Guia chama para a capa o assunto ilustrado com Cristina Ferreira e com frases retiradas da entrevista a Rebeca ditas pela cantora, tido aqui – pela minha leitura –  um claro objectivo de enganar o leitor, que vai achar que quem disse aquilo foi Cristina e que é ela que está a atravessar a dor de um cancro. É uma capa mentirosa! É uma capa que vai vender, mas que está a enganar o leitor, e eu não gosto disso. Não gosto disso e não gosto que à custa disto se tire credibilidade a um mercado de trabalho onde, por causa de assuntos tratados desta maneira, levam todos por tabela, achando que trabalhamos todos de igual forma. E não trabalhamos. Não estamos a falar do namoro de A ou B, de um casa e descasa, de uma fotografia de férias ou da decoração de uma sala. Estamos a falar de um dos momentos mais delicados de Rebeca, que o confidenciou a Cristina Ferreira. Óbvio que a Tv Guia não metia o assunto na capa sem ser com Cristina que  – para o bem e para o mal – é das que mais vende em Portugal  e  vê-se assim, sem mais nem menos, ‘vítima’ de uma idiota doença da imprensa a que chamamos ‘falta de profissionalismo’. Com isso eu não posso compactuar e acredito que profissionais como eu (alguns trabalham na Tv Guia, nomeadamente a jornalista que assina o interior da peça e que eu conheço muito bem e na qual sempre confiei porque comigo sempre teve um tratamento impecável e assim não acredito que seja responsável pela capa), que há anos lutam para que o mercado seja levado sério, se sintam defraudados. Um passo destes faz recuar em muitos anos a credibilidade conquistada a muito custo por alguma imprensa desta especialidade. Fizeram um fraco favor ao seu meio. Mas não somos todos iguais. Eu não sou, nem quero ser. É isto!

 

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