… O mundo de Sofia (Que mudou por amor)

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… Quem somos nós se não formos para nós? Nada! Não seremos nunca nada, se antes de nos darmos a alguém ou alguma coisa, não nos tivermos descoberto por inteiro e a descoberta faz-se devagar, todos os dias com avanços e recuos. A descoberta é isso. Amanhã, parte à descoberta de um outro mundo a minha amiga Sofia. A Sofia é a minha melhor amiga. Conhecemo-nos há tanto tempo que não saberia precisar a minha vida antes da dela, nem ela a sua. Foi vencida pelo amor e é por ele que embarca na maravilhosa aventura de descobrir a China. Vão ser meses longos sem ela, mas com certeza que foi a melhor escolha. Nunca é fácil despedir das pessoas quando elas fazem parte de nós e estão ao alcance das nossas mãos. Agora, aos 41 anos a Sofia deixa-nos da mão e agarra-se com toda a força ao sonho de embarcar naquela, que me palpita, será a maior aventura da sua vida, pelo menos até agora. Vai pelo amor, e isso é muito. É quase tudo! Para trás não me deixa só mim, deixa a familia toda e tudo o que aqui tem. Tudo fica parado no tempo à sua espera. Para nós não muda nada. Nem nos meus maiores sonhos eu imaginei que um dia ela me dissesse ‘vou para a China por amor’. Mas foi por amor que foi. Um amor que falou mais alto que o amor que tem à profissão, à familia, a todos nós e ao seu espaço. Faz bem fazê-lo, porque as coisas devem ser feitas no momento em que as sentimos com a certeza que, no regresso daqui a muitos meses, estarão os de sempre, como sempre e à sua espera. Agora é tempo de agarrar nas malas e seguir. Seguir para o desconhecido, sem rede. Apenas com o amor. O amor é tudo. O amor é capaz de tudo… se foi capaz de fazer com que a Sofia agarre em duas malas cheias de coisas e deposite nelas a certeza do seu futuro, é porque tem mesmo muita força esse ‘amor’ de que tanto se fala. Agora, os meus dias vão ser mais vazios, os meus fins-de-semana não vão ser com ela. Já não nos vamos sentar frente a frente aos sábados como sempre o fazíamos a falar de tudo e mais alguma coisa. A falar dela, de mim, de nós. Agora quando me quiser rir muito de parvoíces vou fazê-lo mais baixinho e quando tiver que chorar, porque as coisas andam ao contrário, vou fazê-lo sozinho. É talvez a pessoa que mais sabe de mim. Sabe tudo sobre mim. E eu sobre ela. Fazemos anos no mesmo dia com um ano de diferença. Ela já me conhece com os olhos fechados. Fazemos aqui um intervalo físico, daqueles em que tudo se perdoa porque o amor é superior e neste momento é o que se impõe. E os amigos, quando o são de verdade, ficam felizes com a alegria dos outros, mesmo que a alegria deles, a nós, em alguns momentos, nos cause a dor da sua ausência, porque se quiser ir a correr falar com ela… não posso fazê-lo. Mas posso ficar feliz por saber que do outro lado do mundo, ela está a fazer um esforço para ser feliz. E isso será sempre de louvar. Boa sorte minha querida amiga!

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