… Os olhos de Judite! (Aos meus olhos, claro!)

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… Já escrevi muito e li outra tanta quantidade sobre Judite de Sousa, mas por muito que isso aconteça ninguém pode sentir o que sente um coração como o de Judite. Judite tornou-se de repente uma espécie de bandeira sobre o sofrimento, um luto e uma luta pela sobrevivência depois da morte. Não que ela tenha escolhido ser essa bandeira, mas a sua exposição mediática praticamente levou a isso. Viveu dias de sofrimento imenso e é impossível tentar descrever-se isso. Na altura aqui manifestei o que sentia sobre o que a imprensa estava a fazer a Judite… E mantenho isso. Hoje, a seu convite, o meu café da manhã foi com ela. Não irei contar aqui a conversa, que fica entre nós, mas sinto-me na obrigação de contar a todos o que senti e o que vi nos olhos dela. Estão uns olhos abertos para a vida. Juro que foi o que vi! Judite está em paz, tranquila e, acima de tudo, disposta a viver sem ter que dar muitas explicações a ninguém. Não tem de o fazer. Gostei muito de perceber na sua conversa a disposição para o dia de amanhã. Sorriu, vi-lhe sorrisos no rosto durante a nossa conversa. Fiquei feliz! Eu queria ver isso. Eu gosto dela e acho graça à sua maneira corajosa de ser ‘fora da caixa’. De ser uma jornalista credível em Portugal, que não se rala (nem nunca se preocupou) em ser diferente na maneira de estar, de vestir, de se apresentar em televisão e não perder a credibilidade porque não estava vestida de fato saia e casaco cinzento ou azul escuro. Judite chegou a arriscar usar umas botas de cano alto, cores garridas, adereços enormes que fazem a diferença, e que a tornam única e deixam no ar a certeza que tem muita noção de televisão. A mudança de Judite foi acontecendo com o tempo, o tempo é sempre o melhor amigo das nossas dúvidas, ansiedades. Com o tempo, tudo parece encaixar no lugar certo, mesmo que faltem peças. Esta Judite com quem hoje me sentei a beber um café, tem os olhos abertos para a vida, fala pausadamente, mas de forma muito clara, e sublinha tudo o que diz com expressões muito próprias. Tem o ar delicado e frágil que contrasta tanto com a certeza de tudo o que afirma. Os olhos de Judite não escondem um vazio lá no fundo. Um vazio triste que ficará para sempre, mas, parece-me a mim, Judite está a aprender a viver com isso. Não há outro remédio quando se decide seguir em frente. Ela decidiu seguir, viver a sua vida. Tem, mais que nunca, o apoio das pessoas, o carinho das gentes, a proximidade com elas e a imagem muito humanizada. Está próxima do seu público. Não sei se está feliz. Mas percebi que estava a ficar bem. Já marcámos novo encontro. Gosto de lições de vida. Gosto tanto.

 

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