… Sobre sentir (ou algo que se pareça)

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… Falava-se ontem à noite sobre a capacidade de sentir, o que se sente, quando se sente? A pergunta é estranha e ninguém encontrou a resposta, porque ninguém sabe, de facto, o que sente, quando se sente, porque muitas vezes tem medo de assumir o que está lá dentro. O ‘sentir’ é uma espécie de cebola. É preciso tirar as camadas, uma por uma, e muito suavemente, para se perceber o que está no âmago. Pode não ser nada, e pode ser tanto… Num descascar de cebola que pode levar anos, há de repente um olhar que, em sete segundos, coloca pontos finais a tudo o que se sente. Passa a sentir-se outra coisa. Derruba ideias que se tinham e faz acreditar que sentir faz bem, mesmo que este ‘sentir’ seja outro e perigoso só porque se desconhece. Sete segundos, pelo que li, é o tempo que uma pessoa pode levar a apaixonar-se. O bom de sentir –  continuavam durante a noite –  é deixar de o fazer, para dar lugar a outro sentimento. Avassalador. É perigoso porquê? Porque se desconhece, e todos nós temos medo do desconhecido. Gostamos do conforto, não lidamos bem com a novidade, muito menos aquela que nos ‘desarruma’ o que cá vai dentro. ‘Pode escolher-se sentir?’, perguntou-se. Não! Mas pode escolher-se fingir que não se sente. E depois? Depois castra-se um momento que pode ser bom. Deixa-se de viver por medo. Com receio que não resulte, que se descubra, que se saiba, que se sinta outra coisa e que essa coisa seja pior (ou melhor) que a que se sentia antes de se sentir essa ‘desarrumação’… Com vocês não sei, mas eu vou sempre lutar por sentir diferente. Não sei se terei na vida muitas oportunidades de tirar camadas a cebolas de forma suave de maneira a que não me faça chorar, porque a cebola é perigosa para isso. Mas o sentir? O sentir é um caso à parte. Desde que se saiba o que é e não se tenha medo de lhe reconhecer os medos só é preciso enfrentá-lo nos olhos.

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