… Afecto generoso!

Por
… Sou uma pessoa generosa comigo, com os outros, a vida tem sido também comigo se eu e ela fizermos as contas. Adormeci aqui sem reclamar sequer do barulho imenso que me estão a fazer ao ouvido por conta da obra que acontece na casa do lado. Adormeci com a generosidade da luz, deixei-a entrar só cerrei os olhos pela claridade. Deixei a janela generosamente aberta e o corpo generosamente deitado na cama. A minha cama é toda branca, gosto de lençóis brancos, do cheiro a lavado e do frio que sinto quando entro nela. Adormeci de forma generosa nem me lembro das horas, mas lembro-me de ouvir ao longe o insistente barulho do toque da campainha, o bater da porta do prédio, o barulho do aspirador de alguém, da entrada e saída do carteiro, do barulho das escadas de madeira e dos passos que nela entoam. Fui generoso. Não reclamei! Quando abri os olhos percebi que a cama estava feita. Não a desfiz, não me deitei dentro dela… era de tarde. Há anos que não adormecia à tarde, há tempos que não misturava o dia com a noite, há anos que não era generoso com a minha vontade. Apenas a de deixar o corpo adormecido em cima da cama, generoso comigo. 

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