… ‘Façam o favor de ser felizes!’

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… Nunca escondi de ninguém que sou um artista frustrado no que toca ao teatro. O teatro no geral e o de revista em particular. Gosto de teatro desde que me entendo como gente, tento acompanhar tudo e ao contrário do que muitas vezes leio e escuto, há bom teatro e há público para o bom teatro. Acredito que o público não chegue e todo o lado, mas ao teatro feito para ele, fugindo do umbigo de quem o imagina ele chega. E é isso que acontece com o teatro de revista, que ao contrário do que muitos dizem não é o parente ‘pobre’ dos profissionais das tábuas. Aliás, talvez seja o parente rico, foi aqui que tudo começou e em outros lugares do mundo é dos mais respeitados. E é por isso bonito ver agora as Portas de Santo Antão receberem o elenco quase todo. Juro! Já vos disse que o Raul Solnado está no Politeama?! É o que me apetece dizer depois de assistir a mais uma encenação de Filipe La Féria, ‘Revista é sempre revista’ onde é feita, talvez a maior homenagem de sempre ao teatro de revista em Portugal. Um elenco audaz, um corpo de baile fantástico, uns figurinos espectaculares e memórias aos molhos como os malmequeres que Raul Solnado cantou. É injusto destacar apenas um nome, são todos muito bons nas homenagens que fazem. Muito bons mesmo, mas a interpretação de Ricardo Abreu Raposo no papel de Raul Solnado tira-nos o fôlego. É ele! Quem o conheceu de perto percebe que é Ele que ali está. Confunde-se o Raul e o Ricardo. É a arte de Raul e o talento do Ricardo que faz isto com um brio quase mágico numa interpretação magistral no ponto certo, na voz, nos trejeitos, nas mãos… sem pingo de exagero e que deve ser vista por todos. Por amor de Deus, não se pode perder este gigante bocado de arte! Quem gosta de verdade daquilo que o teatro nos traz, tem de ir ao Politeama. Está lá o Raul Solnado, o Eugénio Salvador, o Joao Villaret, o Max, a Hermínia Silva, A Beatriz Costa, a Ivone Silva, a Bibi Ferreira… e tantos outros que deixaram aos de hoje a arte de fazer sonhar. O espectáculo está muito bem conseguido, porque nos emociona do principio ao fim. E no faz sorrir, como diz a Paula Sá no final, porque feitas as contas é o que fica de que temos. Adiar uma ida ao teatro é adiar um bom momento, digo ao teatro, como posso dizer ao cinema, a um concerto, ler um bom livro… nos dias que correm, parece que andamos sempre sem tempo para fazer o que nos dá prazer e só preocupados em evitar o glúten, comer brócolos e sementes se linhaça, mas a vida é mais que isso, e quero na minha vida sempre mais pedaços destes. Acho que deviam fazer o mesmo. O dia é curto e os afazeres são imensos? Claro que são. Sacrificamos horas de sono, mas o que nos fica são as memórias daquilo que vamos tendo dentro de nós. Recuar agora no Politeama uns valentes anos e escutar o que ali está em cena, é um punhado de recordação que fica para a vida daqueles que apreciam teatro bem feito, Parabéns a todos!

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