… Afinal, o que dizem os meus olhos?

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… Não se escolhem os tempos para as coisas do coração. Não se separa o coração da razão no tempo que nós queremos. Foi assim, de coração aberto que fui para a conversa com o Daniel Oliveira. Recebi milhares (não estou a exagerar, juro!) milhares de manifestações sobre a minha conversa. Não consegui ler tudo, ver tudo… seria humanamente impossível até esta hora. Mas sinto que vos ‘devo’ este post. Estou numa espécie de ‘ressaca emocional’ porque não esperava que a reação fosse esta. Não sou tonto, sabia que tinha dito coisas ao Daniel, que jamais tinha contado e nunca na vida pensei que o faria. Fiz. Lembro-me que quando sai de lá queria contar muitas das coisas que disse e porque as disse. Não me lembrava. Escrevi algumas num papel para não me esquecer… Hoje, não consegui andar na rua. Não havia uma pessoa que não me falasse do programa e do que disse lá. Muitos perguntavam pela coragem de o fazer, porquê agora, como cheguei até aqui… a resposta é fácil: Não há um tempo. Aconteceu. Não me levantei e disse: ‘hoje vou revelar ao mundo a minha orientação sexual, e por junto conto o que passei em criança, ou os dissabores do meu coração’. Não foi assim. Se fosse assim não tinha este efeito avassalador que sinto para onde quer que me vire. Acho que resultou por ser verdade. A minha verdade. Agora, será reproduzida num e outro lugar e acrescentada, por quem a interpretar. Foi a minha história que ali contei. É o meu estado de alma e na minha vida não muda nada porque dei esta entrevista. O que acredito que mude é a ideia que as pessoas tinham de mim, ou do ‘Cláudio Ramos’ que lhes entra casa adentro, com a voz esganiçada e as mãos a andar de um lado para o outro a achar muitas vezes que é o dono da razão. Eu também sou esse ‘Cláudio’, mas sou muito mais o que se sentou no Alta Definição. A nossa vida fica-nos colada à pele, à alma. Não há como fugir dela. Existem escapes que tentamos encontrar, desculpas que vamos dando, coisas que vamos adiando. A entrevista foi gravada a 13 de Outubro desde ano. Assinalei no meu corpo a data, porque sabia que seria importante. Foi o dia. Um dia que na história das vossas vidas passará como outro qualquer, mas que ficará guardado na minha. Tenho que dar grande parte do mérito deste resultado ao Daniel Oliveira, que me levou a dizer aquilo que muitos gostariam de ter ouvido da minha boca há muito tempo. A ele, com as perguntas feitas na hora certa, no momento certo, da forma que senti como certa, respondi claramente sem ter medo de me magoar ou magoar alguém. Foi o momento. Quando revi a entrevista em casa, não me consegui desligar da minha história. A minha história é (de facto) lixada. Mas é a minha história, e devo dizer, que depois de a dividir com vocês, não que me tenha sentido mais aliviado, mas depois do muito que li e me disseram, senti-me muito orgulhoso de o ter feito. Não falo de problemas pessoais, profissionais, dificuldades da vida, ou orientação sexual. Falo da verdade com que os meus olhos falaram o tempo todo. Se hoje alguém me perguntar O que dizem os teus olhos? Direi que estão gratos. Mesmo!
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… Foto publicada no instagram no dia quem que gravei a entrevista.
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