… (ainda) A propósito de fazer anos!

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… E assim passaram 47. Foi de celebrar mas qualquer celebração nesta altura me dá um sentimento de culpa, porque o mundo não está para que celebremos grandes coisas. Mas a verdade, é que no dia dos meus anos gosto de celebrar. Já disse mais que uma vez que é aqui que o meu ano muda. Por isso o dia é de reflexão. Isolado de tudo e longe do barulho deste mundo que tantas vezes não nos permite ver com clareza o caminho a seguir. A reflexão deixa-me sereno e o resultado feliz. Não foi o ano fácil! Na verdade não está a ser um ano fácil para ninguém e, ainda assim, eu não me posso queixar. Foi um ano desgastante. Esperava muito dele e ele deu-me muito. Talvez tenha vindo em excesso e eu não tivesse, em algumas partes, preparado para o aguentar. Mas aguentei! Aguentei porque acredito sempre que somos mais fortes do que imaginamos e quando estamos à beira do sonho, dá o frio na barriga e temos a tendência para parar com um certo medo que se instala, mas o bom é dar o passo em frente e foi o que fiz este ano, e até hoje não me arrependi. As pessoas podem pensar o que entenderem, escreverem o que quiserem, mas para mim foi um ano bom. Nunca é muito fácil quando temos que tomar decisões que sabemos não são sobre coisas nossas mas o seu impacto vai reflectir-se em tudo o que nos rodeia e no nosso futuro. Fazê-lo de forma consciente é o melhor para assumir depois todas as consequências que possam aparecer. E por isso, agora quando escrevo esta crónica e depois de reflectir sobre como foi o meu ano, a certeza mantém-se. O caminho é este, as pessoas são estas, os sonhos estão deste lado e eu continuo a ser um menino com vergonha de rir mas disposto a sonhar sempre com coisas novas. Todos os dias sonho e todos os dias me levanto para realizar sonhos. Os meus e os de quem me rodeia. Estou, aos 47 anos, muito melhor profissional e muito melhor pessoa. Não se deve dizer de nós que somos boas pessoas, mas eu sou e digo. Era o que faltava! Eu sei que sou e quem me rodeia também sabe, é isto que quero da vida. Já o disse. Eu quero ser bom pai, bom filho, bom namorado, bom profissional e muito boa pessoa. Preocupa-me isso, mas acho que essa preocupação chegam com a idade, com o avançar dos anos. Chega quando chegam outras preocupações que nos inquietam e nos dizem que avançar no tempo é bom porque estamos cá, mas tem um lado menos bom que nos lembra todos os dias o caminho do fim. Não há nada com que lide pior com a sensação de que um dia acaba. Tudo acaba. Incluindo Eu, e nessa altura o importante é que quando se lembrarem que andei porque cá o façam com um sorriso verdadeiro e o desabafo ‘tinha o seu feitio, mas era boa pessoa!‘. Acho que da reflexão deste ano, embrulhada em questões profissionais, arrelias pessoais e uma data de coisas para resolver que temos aos 47, que já se tinha aos 37 e que se Deus quiser vão manter-se aos 57, o que me fica é a noção de privilégio, porque sou um privilegiado. Faço o que quero, vivo como quero. Tenho saúde, os meus estão bem e no mundo que vejo para lá da janela da minha sala, ter tudo isto é um sinal claro de privilégio. Sou, por isso, grato à vida que me deu tantas coisas boas nestes 47 anos. Também deu menos boas e muitas más, mas o que importa isso agora? Importa nada ou quase nada, porque o futuro é feito de passos em frente da coragem de seguir e arriscar. O futuro está em cada caminho que fazemos e em cada certeza que metemos no que pretendemos. Pretender é meio caminho andado para ter. Ter, entre muitas outras coisas, saúde e paz. Meus amigos, nunca mais do que hoje, sinto que bom é ter saúde e paz… o resto o Universo traz. Acreditem!

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