… Não sei há quanto tempo não vos fazem uma declaração de amor, vos consomem os sentidos e as vontades invadindo memórias, afectos e carnes. Não sei! Mas sei que é tempo de se fazer, que vamos sempre a tempo. Vamos a tempo de beijar na boca, de aprender a nadar, a andar de bicicleta, de passar uma noite inteira sem dormir sentados no degrau de casa à conversa. Vamos ainda todos a tempo de acreditar que o tempo espera por nós. Ele não espera, mas molda-se. Molda-se o tempo e as vontades, e hoje, apetecia-me fazer uma declaração de amor, gostava de saber nadar, de andar de bicicleta, gostava de ter coragem para descer a escada e ficar ali sentado no degrau à espera que o tempo me desse ordem para ver o sol nascer, mas sou tão contarditório que preferia chuva forte a bater-me na cara, a invadir-me os afectos e a ser absorvida pelas minhas carnes. Como estamos agora no tempo quente e em altura de trovoada, é sempre tempo para aprender a lidar com as mudanças do tempo. A natureza é mestra, nós é que temos a mania que a controlamos.. tal como fazemos com os relógios, para vivermos na ilusão que controlamos o tempo. Somos parvos, porque ainda acreditamos que alguém nos vai fazer uma declaração de amor ou ensinar a nadar!
SUBSCREVER E SEGUIR