… Quando chegamos ao trinta e sete anos aprendemos que somos obrigados a estabelecer prioridades, antes que seja tarde. Sentimos que saber quem está no top musical não tem interesse nenhum, e que vale muito mais a pena passar o tempo a pensar do que a dizer disparates (embora eu os diga a toda a hora). Que respeitar o silêncio é fundamental quando não há nada de importante para dizer. Aos trinta e sete anos não me apetece perder tempo com quem não se dá ao trabalho de o aproveitar. Quero ganhar tempo com os amigos de verdade, com as tropelias da Leonor, com as gargalhadas dela e com as suas coisas pirosas. Continuo a gostar de azul escuro. De fotografias minhas. De rir. De acreditar. De gostar de gostar. Da chuva. Do frio dos meus lençóis, do cheiro a cama lavada e de dormir nu. Gosto cada vez mais de viajar e de respirar sem ser “olhado”. Aos poucos começo a pensar colocar os meus ténis na prateleira e a achar que um ar mais clássico me assentaria melhor. Com esta idade só se fosse burro é que atendia o telefone a toda a gente e respondia a todas as sms. Ou perdia horas e horas no trânsito quando as posso evitar. Aos trinta e sete anos chega a hora de olhar ao espelho, e procurar um creme para as rugas dos olhos que vão dando de si. Traçar novos projectos. Investir. Confesso que este ano profissionalmente tem sido uma surpresa, que emocionalmente tem tido altos e baixos e que sofri uma paralisia facial, uma peritunite agura, uma forte amigdalite, parti uma costela e chego à conclusão que sou uma flor de estufa. Ainda assim continuo a acreditar que devo morder a vela do bolo de anos e pedir um desejo. Sou exagerado. Pedi muitos e mordi várias vezes. A estrada começa agora. E será cada vez melhor!
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