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… As minhas almofadas não podiam falar! Se falassem contavam coisas que mais ninguém sabe – não estou a falar de quem dorme com quem. Não sei se a vocês vos acontece, mas eu adoro ter muitas almofadas na cama. Gosto de as sentir leves, frias, a cheirar a lavado. Tenho umas seis. Na verdade não durmo com todas debaixo da cabeça, mas tenho-as orientadas cada uma para sua função… esta noite dormi muito mal e foram elas a minha companhia. Devem estar estoiradas! De tanto me ouvirem resmungar por não ter posição, por não as achar suficientemente boas para proporcionarem um bom descanso, devem pensar que sou um chato porque quando elas estão tranquilas eu ando às voltas. As minhas almofadas não são as minhas melhores amigas, mas sabem muito do que se passa cá dentro. É nelas que encosto a cabeça, é com elas que falo, é deitado nelas que penso. Confesso que já foram motivo de uma ou outra irritação. Estou ali, prontinho, na posição certa, pronto para adormecer… e quando me julgo preparado, lá me passa uma coisa pela cabeça, revolto todas as seis almofadas e volto a tentar descobrir outra posição. Elas têm que ter paciência. Qualquer dia dá-me na cabeça e troco-as por uns travesseiros. Não dizem que são melhores conselheiros? Estas já sabem demais.
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