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… É um fim de tarde como tantos outros que passamos juntos, sentados no banco da praça. Este foi diferente, porque finalmente sabia a final de Verão. Cedo, muito cedo, talvez nem oito horas da manhã, ti gritas ‘pai, pai! Surpresa. Hoje tenho que vestir manga comprida. Está a chover!’. E eu acordo, contrariado, mas a rir porque a tua genica é tamanha, que me assenta que nem uma luva. As voltas de sempre, as conversas do costume e passa o dia. Mais um fim de semana. De mangas compridas aqui estamos, ao final da tarde no banco da praça, que já foi o meu palco quando era da tua idade, sob o olhar atento das gentes mais crescidas, que aos poucos ocupam os outros bancos, e mudam a feição com os anos. Que estranho, agora como se fosse um flash. Eu estou no teu lugar ao colo de alguém… que bom, saber que tens colo. Que gostas de conversar, que requisitaste um livro na biblioteca da escola, que fizeste as cópias, que corres o dia todo, que adoras estar na Vila… que bom, este final de tarde, que passamos juntos, sentados no banco da praça. Um dia, vou espreitar da janela, e ver-te a ti no meu lugar, ’tás a gozar, pai!’. Não. Não estou!
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