Por
… Sabes, estava aqui a falar comigo. Sozinho. Enfim… Estava a aqui a falar comigo e a pensar que quatro anos é muito tempo. Que em quatro anos as nossas vidas podem dar voltas e mais voltas e têm tempo para voltar outra vez uma na outra. Quando hoje meti a chave à porta pensei, “estou aqui provisoriamente há quatro anos. É tempo de mudar!”, mas a verdade é que mudar nem sempre é fácil. É cómodo não o fazer. Num instante rápido corro todas as divisões, abro as portas, respiro o frio que a minha casa guarda. Por ser antiga, por ter estado o dia todo fechada com a janela do quarto aberta – tenho mais esta mania. Guarda o frio e guarda segredos. Tenho pena de cortar um dia esta relação. Parece estúpido. Se calhar é estúpido! Mas há quatro anos, ela e eu éramos diferentes. Ela muito nua, ainda mais fria e branca. Muito branca. Ambos acrescentámos cor à nossa vida. Ela está agora mais bonita, mais organizada, com ar de casa de homem solteiro, mas organizado! Eu aqui estou quatro anos depois, tabém mais bonito e a olhar por ela. Com ela posso fazer tudo que não se queixa nem reclama. É a ela que me encosto, é nela que me aqueço, é nela que esqueço que lá fora ficam outras casas… Sabes? Estava aqui a falar comigo, ao mesmo tempo que subia a escada se madeira velha, e quando meti a chave à porta pensei “ainda bem que não gostei do que fui ver”. Vou passar mais um tempo contigo. Quatro anos, não se podem encaixotar e levar para outro lado assim sem mais nem menos, não é? Claro que não. Ou uma casa não tem direito a reclamar?
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