Por
… Devo aqui escrever que não morro de amores por conduzir – já me chamaram velho por isso!. Quase que trato o alcatrão por ‘tu’. Somos cúmplices, eu, ele e o meu carro. Acho mesmo que se o meu carro um dia resolver escrever um livro, eu teria que me ausentar durante largos tempos. Discussões, pensamentos, aventuras, lugares, companhia… Não sei o que fazem vocês no carro, sei que eu faço tudo. Ontem mesmo andei 800 km e aproveitei cada um deles entre a música, as estações de rádio locais que vou ouvindo com atenção, – por gosto ou por vontade de rir de tanta coisa má que se diz – e as muitas paragens em estações de serviço. Entre tudo isto penso na vida. Se valerá a pena brigar tanto,  lutar tanto, suar tanto quando sabemos que pode acabar já ali… no segundo seguinte. Por brigas e orgulhos não perco um minuto do meu dia, mas por sonhos, por acreditar neles, para me manter integro naquilo que entendo hoje – porque amanhã pode mudar – pretendo continuar a lutar. A vida, feitas bem as contas, é uma estrada. Nós vamos conduzindo da melhor maneira. Umas vezes com cautela, outras aceleramos desavergonhadamente e não paramos nos sinais nem respeitamos o sinaleiro. Os sinais são tão importantes! De vez em quando estão estragados, e como não temos ‘radar’ e já não se usam os sinaleiros, deixamo-nos ir. Eu deixo-me ir. Gosto disso. Sofro com isso, mas se não morro de amores por guiar horas seguidas, amo apaixonadamente ir guiando o meu dia, o meu futuro. Se preciso de um sinaleiro? Todos precisamos, não é?
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