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… Muito bem. Vamos ver se nos entendemos. E como? Não nos entendendo. É sempre a maneira mais fácil. Fugir, fingir, acreditar que é melhor, que somos os únicos espertos, que nada do que fazemos afecta os outros… enfim, talvez seja verdade. Eu, feliz ou infelizmente, prefiro o contrário. Prefiro acreditar que só me entendo cara a cara, sem fingir, sem fugir, acreditando sempre que o melhor se contrói passo a passo, que não sou o mais esperto – apesar de muito inteligente – e tenho a certeza que tudo o que faço afecta quem me rodeia, de quem gosto e acima de tudo quem gosta de mim. É preciso gostar, amar, desejar para que exista preocupação. Só quem ama, consegue sentir a inquietação da preocupação por pequenos detalhes. O lençol a tapar as costas em noites mais frescas, as toalhas secas e a cheirar a lavado, uma cama feita de fresco, as vitaminas para evitar uma constipação, os chinelos para não se andar com os pés no chão, a realidade nua e crua para evitar o ridículo aos olhos de quem não nos quer bem, os elogios de quem julga o contrário… Só quem ama de facto, acredita que vale a pena insistir, proteger e defender contra ‘tudo e todos’, só assim é amor. Pena, que muitas vezes quem é amado, defendido, protegido, desejado, confunda amor com outra coisa qualquer. Talvez por isso os amores não se entendem. Talvez assim não valha a pena ver sequer se se entendem. Amar é um verbo conjugado a dois, não faz sentido estar no singular.

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