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… Porque morrem as pessoas? Que direito existe de se ter inventado isto um dia? Para quê? Para nos fazer sofrer. Quem morre, se morre de repente, não sofre. Acho que não sofre. Quem fica sofre. Sofre muito. Fica uma espécie de pessoa partida ao meio convencida que amanhã será outro dia, outra coisa, outra vida, e que volta tudo ao normal com o avançar do tempo. Já passei por isso. É mentira! Quando nos morre um amigo ficamos a meio de respirar. ficamos com o peito muito apertado, é como se alguém nos tivesse metido a mão, arrancado o coração a sangue frio e o apertasse com força. Muita força. Porquê? Onde está a necessidade da morte? Eu não a vejo, não a entendo. Ficam as memórias. Claro. É o que fica. O cheiro, as memórias, o filme na nossa cabeça do que foi ou poderia ter sido antes da morte. Fica o desespero de não ter conseguido estar antes do momento exacto. Há sempre um momento exacto, não me venham com histórias. Quando nos morre uma pessoa há o momento em que decide que morre e nesse momento nos mata, quando se mata. Que venha
alguém e me explique as razões. Não vou julgar o acto de duvidosa
coragem e destemida cobardia. Fica a dor. Uma dor quase crónica sem analgésico. Morreu porque quis. Matou-se! Deixou
pessoas partidas ao meio, vivas mas que apenas respiram. Morreu-me um amigo. O meu amigo era mais novo que
eu. O meu amigo tinha a felicidade dentro das mãos. O meu amigo
matou-se. Matou-se porque não teve coragem de enfrentar a vida
quando lhe mostrou um lado que ele não gostava. Desculpa, mas não
sei se te desculpo! 
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