… Cristiano, deveria ter postado isto há uns dias aqui, resolvi fazê-lo hoje. Não nos conhecemos, acho que nunca estivemos assim frente a frente.
De nome sim, conhecemo-nos de sobra. E porque escrevo? Porque
me irritou muito, depois de Portugal ter abandonando o Mundial, ver
comentadores, jornalistas, gente da rua, treinadores de bancada
darem-te praticamente como o único responsável pela selecção não
ter chegado mais além. Deves ter a tua parte de culpa no assunto,
mas também deve ser dividida por mais dez ou onze jogadores não?
Sabes que depois de ver reacções destas, percebo quando se diz que
és arrogante, antipático, e pouco acessível? Porque acho que
também não te deve ser fácil levar em cima com tanta
responsabilidade, não é justo passar-se de bestial a besta só
porque não se vence um mundial. Não me parece cómodo ser o melhor
futebolista do mundo e de repente ver tudo a mandar postas de
pescada, como se o facto de ser ser isto ou aquilo fosse condição
para se chegar a isto ou aquilo. Esta carta é só para saberes que,
eu que não percebo nada de futebol, não gosto de ver um Portugal
enraivecido porque não chegamos mais longe no Mundial. Um Portugal
enraivecido contigo, parece-me injusto. Quanto mais não seja pela
inúmeras alegrias que já deste a este Portugal que tanto te
aplaudiu e que agora, porque muitos têm memória curta, se lembra de
te assobiar. Eu, continuo a achar de ti o que sempre achei: Um atleta
dedicado, esforçado, que não gosta de perder, mas que é acima de
tudo um ser humano. Com falhas, se é que se pode considerar um
falha, não termos chegado mais longe no mundial (e outras que não serão para aqui chamadas). E eu, que não
percebo de futebol, estou-te grato porque, histerismos à parte,
ainda continuas a ser o nosso melhor cartão de visita, e hoje – fora de Portugal, onde na mesa ao lado te elogiam sem saberem que eu sou português – voltei a ter essa certeza e resolvi publicar este texto aqui. Mesmo que a
inveja seja o ponto forte de muitos portugueses.