… Chegou o Outono (depois de outros Outonos)

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… Chegou o Outono e, entre umas quantas estações do ano, enquanto espreitava para ti, aprendi a diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendi que amar significa apoiar e que companhia nem sempre significa segurança. Comecei a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. Pedi-te para aceitares as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com birras que fazem lembrar uma criança. Aprendi a construir as minhas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair no vazio. Não o posso levar a sério. Depois de te conhecer, aprendi que o sol queima se ficar exposto por muito tempo e que fico mais bonito com ele na pele. Aprendi que não importa o quanto tu te importas. Algumas pessoas simplesmente não se importam e a nossa vida segue. Muitas vezes, como me disseste, melhor sem elas, até porque não importa o boa ou má que seja essa pessoa, ela vai ferir-me de vez em quando e eu vou precisar de perdoar por isso. Acho que também te ensinei que falar pode aliviar dores emocionais e, como tu me disseste, levamos anos para conquistar confiança, apenas segundos para destruí-la e que por impulso posso fazer coisas num instante das quais me arrependerei para o resto da vida. Também aprendi, entre Outonos, que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias, e que os bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Mas como sempre te disse, não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam e muitas coisas mudam com eles. Sem querer, também aprendi que as pessoas com quem me importo mais na vida, vão-se afastando muito depressa. Acho que juntos aprendemos que não nos devemos comparar com os outros, mas com o melhor que queremos ser um dia. Juntos, falamos sobre o tempo que leva para nos transformarmos na pessoa que queremos ser, que o tempo parece curto para isso e por isso, às vezes, desabamos. Aprendemos que não importa onde já chegámos, mas para onde queremos ir. Aprendi que ou controlo os meus actos ou eles vão controlar-me e que se for flexível não significa que sou fraco ou que não tenho personalidade, porque não importa o delicada e frágil que é uma situacão. Ela tem sempre dois lados. Mesmo que seja Domingo, porque a paciência requer prática. Acho que te ensinei que, algumas vezes, a pessoa que estamos à espera que nos ‘dê pontapés’ quando caímos é uma das poucas que nos ajuda a levantar. Defendemos os dois que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são ‘parvoíces’. Poucas coisas são tão absurdas como pensar isso e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Eu não era Eu e tu não serias eternamente essa criança. Aprendi que quando estou com raiva tenho o direito de estar assim, mas isso não me dá o direito de ser agressivo com os outros, defendido na ‘verdade absoluta’. Expliquei-te que, só porque alguém não te ama da maneira que gostarias que te amasse, não significa que esse alguém não te ame com tudo o que pode, ou mais ainda e o contrário também, não é porque alguém não me ama da maneira que eu gostaria que me amasse, não significa que esse alguém não me ame com tudo o que pode, ou mais ainda… Aprendi contigo que não importa em quantos pedaços o nosso coração foi partido, o mundo não pára para que o remendemos. Aprendemos juntos que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Cabe-nos juntos apanhar os pedaços e fazer a história do começo para que seja sempre Primavera, mesmo que tenha chegado o Outono. Por isso te faço chegar flores. Aprendemos os dois, enquanto te espreito por aqui. Era bom que aprendêssemos todos, antes de se fazer Outono para lá das estações do ano.

 

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