… Simone de Oliveira acabou de fazer setenta e cinco anos, fui, como sou há anos, convidado para estar na sua festa. Não pude porque no fim de semana trabalhei. É uma mulher daquelas que se fizeram poucas na época. Talvez não tão poucas como tudo isso, mas daquelas que não aceitou calada aquilo que supostamente a sociedade lhe dava naquela época. Ontem no renovado Jornal de Domingo realizou o seu sonho de infância e brincou ao faz de conta sendo uma professora de Francês. Hoje encontrei-a nas Amoreiras, lá vai ela de óculos muito escuros no meio do centro comercial, não consegue passar desapercebida  nem deve querer isso. Falei-lhe da reportagem de ontem  das saudades… define saudades de uma maneira tão bonita. Diz que é a falta da chave na porta, o barulho dos passos a subir  as escadas, são um vinco na alma. Mas dito por ela tem um sabor diferente, um sabor que não se explica. Coisa estanha esta! Simone não tem medo das palavras, nem tem medo que elas pareçam estranhas se ditas fora de contexto. Ali vai ela aos 75 anos cheios de projectos, vai lançar por estes dias ‘pedaços de mim’ um cd novo de originais que mostra uma Simone diferente e que ela espera que as pessoas gostem. Aos 75 anos, é de coragem. Ou não fosse ela Simone!