… Um dia, meio por acaso prometeram-me um escapulário. Nunca tive um e achei por momentos, naquele momento, naquele acaso que um escapulário poderia significar um passo importante na minha vida. Mesmo sem escapulário foi um passo importante. Hoje, por estranho que pareça não consigo passar por uma pessoa e perceber que tem um escapulário no pescoço, passar por uma loja e não imaginar aquele escapulário. Não compro porque também me disseram que não se compram, que só fazia sentido se fossem oferecidos. Um dia sonhei que me ofereciam um escapulário e com ele vinha toda a boa energia de quem o oferecia e sem querer me obrigou a dar um passo. Um dia, foi num pensar ao acaso, achei que um simples objecto teria o maior significado do mundo entre códigos de honra ou código que apenas quem oferece e recebe entende, que não seria apenas um escapulário, que seria uma espécie de qualquer coisa que cimentaria outra coisa qualquer. Sinto falta do escapulário. Sinto falta que me continuem a prometer que me vão dar um escapulário. Passou tempo desde a promessa, vieram outras coisas entretanto, mas o escapulário nunca chegou. Se calhar não tinha que chegar, se calhar quem me prometeu teve medo de cumprir a promessa, teve medo daquilo que um simples escapulário poderia trazer… eu sou assim. Ligado a uma simples frase dita ao acaso, num simples acaso numa noite quente. Muito quente. Num dia 26. Eu sou assim… um dia deixarei de ser, porque deixarei de acreditar que me vão oferecer um escapulário só porque sim.
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