… Não gosto de dias marcados no calendário. Não gosto que se celebre o dia da mulher da mesma maneira que não faz sentido celebrar o do pai, o do homem, o da criança, o da mãe, o das loiras, o dos gordos e por aí fora… Destacar algo atenua a diferença? Eu acho que não! Acho que a acentua. Sempre disse isso. Sei que é moda, que está na moda. Sei que é urgente existir reacção e tomar atitudes. Mas marcar dias no calendário para se celebrar algo que faz parte de nós, que nos faz andar para a frente, parece-me absurdo. Não gosto de agendas feitas para marcar o respeito. Sei que não é politicamente correcto. Mas eu não sou. Não seria hoje… Foram as mulheres da minha vida que me ensinaram assim. E as mulheres da minha vida são mulheres de fibra que passaram por aquilo, que muitas que gritam desesperadas um direito à igualdade nem nunca sonharam. A minha mãe e as minhas irmãs. São elas, que sem bandeiras passaram por tudo. Não teria melhor exemplo. Podem acreditar! E na altura, as bandeiras que outros exibiam serviram-lhes de nada. Foram sozinhas. Sozinhos que conseguimos. Para que conste!