… A distracção da chuva!

Por


…Hoje começou a chover
torrencialmente. Parecia Fevereiro. Uma daquelas tardes de Fevereiro
que começa a ser noite às três da tarde. Estava longe de casa e
um pouco cansado, mas a chuva, que primeiro começou com pingos
grossos e lentos, armou-se em esperta e começou a cair rápida e
violentamente. Misturava-se o som da chuva, com o barulho dos carros
que me ultrapassaram. Gosto de chuva, esta veio em boa altura, porque
como não gosto de rotina, ver chover assim no primeiro dia de
Outubro como se fosse Fevereiro sabe bem. Já tenho algumas saudades
do frio, de um casaco, de uma manta nos pés, das rotinas dos dias de
Inverno. A chuva fez-me, de repente, pensar que a natureza manda em
tudo mas nunca manda nada por acaso. Sabe o que faz. Minutos depois a
chuva passou. Com o tempo tudo passa. Ficou aquele cheiro  a
terra molhada, que eu acho um dos melhores cheiros do mundo. Há
cheiros que nunca se esquecem, chuvas que por muito que nos molhem a
pele não nos lavam nem nos tiram de cima o que cá temos, está-nos cravado na carne. Apenas distrai o ardor da carne viva, como um sopro num arranhão. A chuva é uma distracção mas
tem que se ter cuidado com ela, quando não damos por isso metemos o
pé numa poça de água e ficamos aborrecidos, podemos até
cair, e de vez em quando, se chover muito
forte, custa-nos levantar e, como está a chover
ninguém passa para nos ajudar. Muitas vezes, matreira que é, esta
chuva distraída vem
com o objectivo de nos afogar nela. É preciso perceber que a chuva
fora de época é isso mesmo: uma distracção! Mas eu, assim que saí do carro abri o enorme chapéu de chuva, que pode funcionar como as costas, que sendo largas nos suportam as distracções. 
Sem tags

Blogs do Ano - Nomeado Entretenimento