… Ela sabe do que fala!

Por

… O mal das noticias é que
a maior parte das pessoas fica pelo titulo as mesmas. E os títulos
são o chamariz para vender jornais e revistas.
Foi isso mesmo que
aconteceu com a suposta nova lei do piropo.
Bastou um jornal anunciar
que o dito estava proibido e quem o fizesse levava pena de prisão, para que desatassem todos, os a favor e contra, mais o publico em
geral que lê e encolhe os ombros, a tomar por certo o assunto.
Mas não é verdade. A lei
sofreu efetivamente uma alteração, em agosto do ano passado. E os
piropos com cariz sexual dirigidos a menores de catorze anos passam a
poder ser considerados crime punível por prisão.
Agora vamos ser realistas.
Qual a hipótese de uma jovem receber este tipo de impropério e
poder dirigir-se à policia? Tem testemunhas? Um vídeo? Alguma forma
de provar a sua afirmação?
Mas mesmo perante tais
dificuldades é importante a alteração à lei.
Mas o que verdadeiramente
interessa, é divulgar e principalmente educar rapazes e raparigas
para uma vida em sociedade.
E é aqui que o problema
reside, por muito que seja politicamente incorreto dizê-lo.
As novas feministas, que
ainda bem que apareceram, e ainda bem que contrariamente a mim a
todas da minha geração deixaram de ser mal vistas ou acusadas de
lésbicas, prestam muitas vezes um mau serviço às outras mulheres,
seguramente sem o saberem e sem essa intenção.
Mas compreende-se o
dilema.
Quando se defende ao mesmo
tempo uma sociedade em que tudo é permitido, e não se sabe
distinguir entre o direito à opinião e o insulto pela opinião dos
outros, quando qualquer tentativa de ser diferente é punível com um
insulto de fascismo, ou antidemocrático, fica realmente muito
difícil lutar por ideias e princípios fundamentais.
As 40 mulheres que
morreram em Portugal em 2015 não sofriam de piropos.
Sofriam sim de uma
sociedade onde as forças de segurança não estão quer preparadas, quer com meios para ajudar quem precisa.
E é fundamental
relembrarmos que a maioria das mulheres assassinadas tinham antes
feito queixa do companheiro.
Voltemos ao mundo que nos
rodeia.
Antes de chegar ao piropo
falta tudo o resto.
E infelizmente, e aqui sim
seria bom as mulheres cerrarem fileiras e lutarem contra isto, as
imagens do feminino que nos chegam são a maior parte das vezes
totalmente distorcidas da realidade e passam mensagens totalmente
erradas.
Claro que é difícil
mudar o mundo de um dia para o outro.
Mas cada uma de nós pode, portas a dentro da nossa casa, educar na igualdade.
Sei por experiência
própria que resulta. Dá trabalho mas resulta!
E educar em prole desta
igualdade é ensinar o que é permitido e o que é proibido. O que é
uma simples questão de educação e que a educação anda a par com o
carácter do ser humano.
Deixam-me dar-vos um exemplo.
Hoje (altura que escrevo o texto) no facebook, um
restaurante do Porto publicou uma fotografia com um naco enorme de
carne de vaca com o seguinte texto: ”podia ser um pedaço da Erica
Fontes…mas é outra vaca”. 
Não sabia quem era a
pessoa e fui pesquisar. Trata-se de uma atriz portuguesa
pornográfica. Os comentários a este
post dividiram-se entre gargalhadas e alguns reparos ao bom gosto do
mesmo.
Se este não é um bom
exemplo do que é hoje a sociedade portuguesa e a realidade ampliada
pelo mundo virtual, não sei o que mais será!
Aceitamos a falta de
respeito por outra mulher por causa desta sua profissão? Devemos
defender que ao humor tudo é permitido?
A falta de bom gosto é
equivalente à falta de nível , de respeito por outros.
Para mim não pode haver
duas leituras.
A maldade destas palavras,
a falta total de empatia com um outro ser humano, o baixíssimo nível
de alguém que escreve esta afirmação, não pode ser curado com o
fim do piropo.
A única forma de
alterarmos de verdade o que está podre na nossa sociedade é a de recusamo-nos a aceitar que atitudes como esta têm direito a
existir.
Por mim devem ser banidas
das redes sociais e serem usadas como exemplo de que há limites para
tudo.
Até
para a maldade!
Ela, Luísa.

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