… Eles vão!

Por
… Sou nostálgico. Não sei se serei romântico. Gosto do romance. Acho que a partir de certa altura da vida, a vida nos obriga a desacreditar no romance. Talvez não no amor. Ou talvez também no amor. O outro dia, conversei com um casal de amigos. Estão de malas feitas para outro lugar, outro País. Fazem-no por amor. Sem pudor em assumir. Partem para uma vida nova, na conquista de um recomeço do qual tenho, ao mesmo tempo que muita inveja, muito medo. Pensei, enquanto conversava que nunca mais os iria ver na vida e por ouro lado saboreei o pedaço de amor entre os dois. Um abdica de quase tudo aqui porque acredita que o amor está noutro lado e melhores condições também, não vale a pena fingir que existe apenas o amor e uma cabana. Um tem trinta e poucos anos, o outro quarenta e quatro. Já tinham ido à aventura, mas sempre com o poiso em Portugal. Agora vão de vez. Casa vendida, tudo metido em caixas, caixas e mais caixas. Questionei tanto sobre os porquês, e pelas saudades que sentiriam dos lugares, dos cheiros, das pessoas. Fiz todas aquelas estúpidas questões que não se devem fazer, quando alguém está disposto e com coragem, para enfrentar o mundo diferente do que tem. Vão juntos. Vão de mãos dadas e assim é mais fácil, por muito difícil que seja, juntos vai ser sempre mais fácil. Um deles disse-me, ‘já tivemos alturas em que nos aborrecemos, mas como estávamos apenas um com o outro, não nos adiantava amuar, bater com a porta. Era ali que voltávamos. Era ali que nos sentíamos bem!’. Hoje, e passado algum tempo de namoro, apostam num recomeço de vida. Vão juntos, de mãos dadas, para um lugar diferente fazer tudo completamente diferente. Fiquei nostálgico, porque este mês é filho da puta para isso, mas fiquei feliz por perceber que ainda há quem acredite que vale a pena e que arrisca tudo a meias. Porque confia. Alguém que acredita que por muito que se desista de alguma coisa, há sempre outra, outra e outra à espera. foram juntos de mãos dadas. Irão instalar-se, desempacotar todos os caixotes. Irão brigar um com o outro, uma e outra vez. Mas irão voltar para os braços um do outro quando se sentirem aflitos. Porque o amor é proteger a aflição. O sexo é para ser desfrutado. O amor é para ser enaltecido, mimado, guardado, confiado. Vão juntos, aproveitar a vida. Apostaram que vale a pena. Questionei e se se arrependerem? Não se vão arrepender. Disseram-me. Vão casar daqui a dias. Convencidos que será para sempre. Deus queira que seja. Quem acredita assim não deve nunca ser defraudado. Não se deve defraudar o amor. O investimento emocional, quando defraudado, deveria ser um crime punido por lei. Embarcarão por estes dias. Juntos. Os dois. Vão voar. Literalmente. Vão na mesma direcção. Tão bom! (afinal sou romântico)
Sem tags

Blogs do Ano - Nomeado Entretenimento