– Sabes o que me faz confusão em ti, aqui em casa?
– Tenho a mania das arrumações. (resposta na ponta da língua)
– Não!
– Então o quê? Os cheiros?
– Não. O espelho!
– O espelho?
– Sim. O da casa de banho.
– O que tem o espelho?
– Mas será possível que tu não consegues manter aquele espelho limpo?
– Mas que tem o espelho?
– Tá sempre sujo de pintas brancas…
– Ah! (com ar de mínima importância) Isso é dos dentes.
– Não. Isso será da maneira como tu lavas os dentes…
– Sim. Mas que mal tem isso?
– Não tem mal. Mas não conheço mais ninguém assim.
– É que eu lavo os dentes a olhar para o espelho.
(tempo depois)
– Já lavaste os dentes?
– Sente…
(minutos depois)
– Tenho fome
– Agora não quero conversa.
– Vai buscar-me um iogurte… (com a voz irritante de que quer ser uma coisa fofinha)
– Não! (puxa o lençol)
– Vai lá…
– Quero dormir. Evita tocar-me! (gargalhada geral)
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