Aqui está a única planta que tenho na minha casa de Lisboa. Veio aqui parar por acaso. Morta. Ou pelo menos quase… Quando a conheci vivia encostada a uma janela junto ao chão. Suja e com o verde das folhas a amarelar do mau trato e do pó da estrada. Não a queria. Tenho trabalho suficiente para me preocupar com uma panta. Acabei por adoptá-la. Deixou a tal janela e veio viver aqui para casa, junto a outra janela mas muito mais clara, limpa e arejada. A planta é mais feliz. Não veio sozinha, mas acabou por ficar sozinha. Ficou comigo e agora – imaginem se não sou foleiro – criei-lhe afecto. Todas as semanas a rego cuidadosamente, todos os dias a deixo apanhar sol e ar. Tenho o cuidado de fechar a janela porque li algures que as correntes de ar permanentes as fazem morrer. Está grande! Nem parece a mesma planta que conheci quase morta. É verdade que a tratei com muitos mimos, devia estar carente. Não sou daqueles que fala com as plantas, nem sequer tem um nome. Mas podia. Podia falar com ela e podia ter-lhe posto um nome… aliás, agora apeteceu-me por um nome: Esperança. Da cor das suas folhas e porque foi com esperança que olhei para ela quando a conheci encostada a uma janela junto ao chão. Não a queria na altura. Sabia lá eu o que queria… nem sempre sabemos, não e!?
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