... Sou um poeta. Sinto o mundo como ele. Vivo extremos estados de alma como o vivem todos os poetas. Os mais conhecidos e aqueles que só eu conheço porque os descubro ao fim do dia numa livraria. Acredito nas palavras que os meus olhos comem e imagino-me na história. Sentado aqui, num banco, onde seguramente outros poetas se terão sentado, saem-me estas palavras da ponta dos dedos. Escrevo-as com a razão e com o coração ao pé dos olhos disfarçados por de trás de umas lentes escuras e um ar arrogante. Os poetas são, como O próprio os definia, uns fingidores, "que finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente..." Eu sou tão fingidor quanto eles, só não me reconhecem os poemas que trago colados na ponta dos dedos sentado num banco qualquer. Não me reconhecem os poemas nem a dor que os atravessam. São difíceis de entender os poetas, mas uma vez lidos e entendidos tornam-se pele com pele. Ficam colados a nós como estou eu colado a este banco. Porque eu sou um poeta. Que ninguém duvide disso!
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