… Sou daqueles que imprime as fotografias porque gosto de ficar com elas a ocupar um espaço que um dia me vai reavivar a memória. Sabemos todos que esta modernice do digital é ótima e não nos deixa escapar nada, mas não há nada melhor que olhar de frente para retratos que captamos em alturas que achamos importantes registar. Esses pedaços expostos no espaço do dia a dia não se compara com um álbum digital que guardamos na memória do telemóvel ou no disco do computador. As memórias é o que nos fica para sempre, no meio de tantas algumas vão desaparecendo por muito importantes que sejam. Quando se olha para uma fotografia em papel, sem querer, porque está no meio de um livro, numa moldura, dentro de uma gaveta ou num lugar desorganizado, somos inundados por sensações que nos remetem imediatamente para aquele momento. Para aquele cheiro. Para o que sentíamos na altura do registo. Por isso me irrito muito quando me perguntam ‘tu ainda imprimes fotografias?’. Claro que imprimo! Da mesma maneira que compro livros e não os leio digitalmente, da mesma maneira que vou ao cinema e não fico em casa a ver nas aplicações… Acho que uma coisa não invalida a outra e mais importante ainda, uma não substitui a outra. Nada me tira o prazer de ir assistir a um filme numa sala de cinema e nada me tira a emoção de recuar no tempo quando olho para fotografias que contam parte da minha história e da história de quem faz parte da minha. Não me perguntem se imprimo fotografias. Eu é que pergunto: ‘Não imprimem fotografias? Não sabem o que perdem!’
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