... Confesso que pensava tirar uma foto linda para ilustrar esta crónica. Não me apeteceu. Tenho cara de ontem, olhos inchados, cansado do ritmo dos últimos dias e estou enfiado num pijama, porque nesta correria que como sabem onde mergulhei feliz, mas que me tira horas de sono, o meu melhor visual em casa é um pijama velho e uma manta enroscado no sofá. Não é glamouroso, por isso não mostro, mas não queria deixar passar em branco este dia e aproveito para vos contar que tenho esta estrela há muitos anos na minha sala. Todos os anos, na noite de 31 de Dezembro lhe mudo o ano. Apago o que tinha escrito a giz e escrevo o novo. Todos os dias olho para ela e me lembro o que desejei quando a escrevi. Deus sabe as vezes que mudei o ano a pensar e a pedir aquilo que este ao me está a dar. Foi sempre uma espécie de ritual. Apagar o anterior e escrever o novo. Na estrela como na vida. Temos agora muitos dias pela frente para escrever uma história de que nos orgulhemos quando fizermos o balanço deste ano. Façamos por isso. Um bocadinho que seja. Por nós e pelos outros. Se tivéssemos dúvidas, o ano que passou deixou claro que não somos nada uns sem ou outros. Não vale a pena inventar grandes resoluções… às vezes basta olhar para quem está à nossa volta e ver se precisam de alguma coisa. De vez em quando precisam só de um cruzar de olhos ou de um sorriso, porque no último ano estiveram escondidos por trás de máscaras. Este ano, no meio dos meus desejos pedi mais tempo com os meus, para os amigos, para a minha filha, para as minhas sobrinhas. Pedi que o mundo me deixe ir mais vezes ao teatro, quero ir ao cinema ver bons filmes, escutar boa música, ver bons concertos, descobrir bons livros que se não ler agora – porque ando de um lado para o outro – vou querer ler mais tarde. Façam como eu, e metam uma música em casa a tocar e dancem sempre que vos apetecer. Se conseguirem poupem para viajar se o mundo nos deixar fazê-lo em segurança, cá dentro ou para fora, porque sair dá-nos um mundo que não temos. Escolham fazer os dias em função do que vos faz bem e não do que parece bem aos outros. Digam ‘não’ quando acharem que devem dizer embora seja mais fácil dizer ‘sim’. Devagarinho agarrem-se a coisas que aos poucos mudam as pessoas e o mundo que deixamos. Façam a reciclagem do lixo, não custa nada e muda tanto. Tentem consumir menos açúcar que nos faz mal, menos carne por todas as razões do mundo, equilibrando a alimentação sem exageros nem fundamentalismos, bebam muita água e façam exercício físico. Muitas vezes passamos o tempo a querer ajudar o mundo, a pensar no que se passa no outro lado do mundo, preocupados com o que se passa em outro País e não fazemos nada porque estamos longe. Apenas reclamamos, mostramos preocupação, viramos a cara para o lado, mas não se faz nada. Façamos então aqui por perto, ao raio do nosso alcance. Isso já muda muito. Se todos mudarmos o nosso raio de acção, já o mundo fica melhor. Eu começo este 2021 convencido que correrá bem. Que será feliz. Estou agarrado à esperança de uma nova liberdade que nos foi tirada de repente e a qual, acredito mesmo, muitos não valorizavam. Que sirva para isso. Para valorizar o que realmente nos é importante e nos faz falta. Sem excessos nem exageros. Com a responsabilidade de que o mundo dos nossos filhos só será melhor se nós cuidarmos dele. Se tivermos saúde e fizermos isto que não é nada do outro mundo… tornamos o nosso mundo melhor. Feliz 2021 meus amigos! ♥
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