… Já vos disse mil vezes que gosto do silêncio do Domingo. De o ter para mim e fazer com ele o que quiser. O Domingo de hoje foi maior, não por ser Domingo mas porque mudou a hora. E, apesar de estar frio e muito vento, esteve sol, logo pareceu ainda maior. Oito da noite foi quando a luz do dia começou a desaparecer… Apeteceu-me uma esplanada, sentir as gentes de Domingo na rua à tarde e o barulho que elas fazem. O silêncio de vez em quando sufoca-me. Não é incoerência, eu sou assim. Não gosto de silêncios obrigatórios. Sufoco-me se dou de caras com ele, fico com um nó na garganta e um abismo imaginário que não me deixa pensar. Fui então ver pessoas. Não se enganem, as pessoas de Domingo não são as mesmas dos outros dias da semana. Têm outras histórias para contar, e quase sempre são bem mais interessante as histórias que as fazem ‘gozar’ o Domingo do que o resto dos dias. Gosto de ficar sentado numa cadeira de esplanada ou num banco de jardim só a olhar. Os meus amigos ‘gozam’ muito comigo, ou então simplesmente não entendem que eu goste de estar parado só a olhar para quem passa. Gosto de criar a história da vida de quem vai ali ao fundo, ou que está sentado aqui ao lado. Somos sempre o que não contamos a ninguém, e algo me diz que no Domingo somos mais ainda. Há sempre um mistério, feliz ou infeliz, no rosto de quem se cruza comigo aos Domingos. Um dia li que este era o pior dia da semana. Eu acho isso, já achei mais, depois deixei de achar, já voltei a achar outra vez e hoje acho que um Domingo mal resolvido pode lixar-nos a semana toda. E o que é então um Domingo bem resolvido? É um Domingo nosso. Onde fazemos o que podemos fazer, mesmo que não seja o que mais nos apetece ou mesmo que não possamos fazer o que realmente nos apetece. Pode parecer complicado, mas talvez o Domingo tenha sido feito para isso mesmo; apenas para ‘ser’. Não necessariamente ‘ser’ alguma coisa boa, nem má, nem mais ou menos. Apenas ‘ser’… Se eu sou este que aqui está, com a cabeça noutro lugar e a imaginação na vivência de tanta gente que me passa pela frente, posso mudar de lugar e ‘eles’ podem achar o mesmo de mim – o ser que lhes passa à frente – e sobre mim inventarem uma história de Domingo. Seria apenas mais uma história de Domingo.
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