Futilidade. Viva!

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Hoje à tarde passei por uma montra e olhei. Olho sempre mas na verdade ligo muito mais à minha imagem reflectida no vidro da montra do que nela está exposta – apetece-me, de vez em quando ser altamente futil -, e fui. Futil, vazio, e desprendido de qualquer sentimento nobre. Porque hei-de entrar eu na Fnac e ver um cd novo, se a Zara ali ao lado tem uma coleção nova de camisolas de linha. Porque vou eu à Bertrand comprar um livro, se a H&M tem roupa de falsos nomes sonantes a preços tão simpáticos…. E ainda para os mais tontos, idiotas e futeis, há cintos, carteiras, sapatos, e lenços monogramados com as tão desejadas Gucci, Carolina Herrera, Chanel, Hérmes, Louis Vuitton… Meu Deus do céu! Coisas tão mais importantes que acompanhar o que se discute na politica do País, o referendo do aborto, o aumento do petróleo, a crise na Palestina, a violência doméstica… E claro, o aumento do salário, que agora vai rondar os 400 euros. Pobre coitada desta gente deslumbrada, que vai ter que viver de amostras de perfumes de marca, porque a maioria destes vazios de tudo e mais alguma coisa ganha este salário. Tenho pena, tenho tanta pena desta gente, que o mais certo é trocar uma volta pelas montras da cidade e esquecer-se de ir votar no referendo do aborto, na eleição do Primeiro Ministro, na escolha dos deputados… “eles são todos iguais!“, dizem. Claro, os monogramas são todos diferentes, entre eles. É a esta juventude – cujo seu mais sólido projecto, é escolher a roupa que vai usar e conseguir um convite para uma festa qualquer onde possam pular, gritar e comentar no dia seguinte o bom que foi passar a noite a fazer merda – que o meu Portugal está entregue. Quem é que entende esta gente?
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