Gosto de chegar a casa e ter as minhas coisas. Gosto de as sentir assim como elas são. Gosto do cheiro a baunilha que a vela que comprei no Ikea deita quando fica acesa muito tempo. Gosto de ter molduras espalhadas pela casa porque me lembram lugares. Em cima desta prateleira está uma moldura preta que uma amiga me ofereceu. A moldura continua preta, mas a amiga já não o é. Tenho livros, os que estão na foto – além dos três de cada edição do Geneticamente Fúteis – são todos de apenas uma semana. Compro, oferecem-me… Gosto de guardar o que se escreve de mim na imprensa – quando vale a pena – recorto e guardo em arquivadores de plástico. Na caixa castanha estão lembranças de alguns dias que depois tomarão outro rumo. São tikets, contas de um lugar qualquer, bilhetes disto e daquilo. Gosto de guardar revistas. As que foram e as que ficam porque há uma ou outra matéria interessante. Gosto de chegar a casa e olhar para a minha estante. Simples, cheia de mim. Gosto de fechar os olhos, desligar a televisão e sentir o cheiro a baunilha da vela que já vai estando gasta. Gosto de chegar a casa e ter tudo no mesmo lugar. Um dia troco aquela moldura preta, como troquei a amiga. Há sempre um dia de recilagem…
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