… Hoje como há anos, Cavalinho nos pés!

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… Sou dos que acha que as memórias existem para nos fazer recuar também, aos lugares felizes. Há muitos anos, cruzei-me com um par de sapatos Cavalinho. Estava numa passagem de ano no Porto e tinha-me esquecido de levar os sapatos. Estava frio, meti-me nas ruas do Porto e ali em plena baixa comecei na procura de uns sapatos, entrei numa loja de rua e quase ‘por acaso’ comprei uns Cavalinho pretos. Meti-os no saco, voltei para o hotel. Usei-as ao jantar e no regresso esqueci-me deles no quarto. Só me chagaram às mãos semanas depois. Lembro-me de pensar na altura ‘epá, encontrei uns sapatos de que gosto e agora nesta euforia de início de ano fiquei sem eles’. Eu sou ligado ao que compro e quando compro faço-o com a certeza absoluta porque o investimento tem de valer a pena. Seja o que for. Dias depois os sapatos chegaram-me a casa e foram usados muitas vezes, passaram de mim para um grande amigo meu… Hoje faço esta reflexão, porque passados tantos anos, quis o destino que me voltasse a cruzar com a Cavalinho. Talvez há uns dois ou três anos num trabalho. Fiquei logo muito encantado com a evolução que senti naquilo que apresentavam agora. Peças modernas e adaptadas a uma realidade que se desenvolve à velocidade da luz. Comecei a calçar regularmente porque me identifiquei logo… O tempo passou, e – porque eu acredito que estas coisas não são por acaso – passado uns tempos, uma amiga minha apresentou-me à família ‘Cavalinho’ num encontro informal. Fiquei encantado. Encantado com a dupla de irmãos que agarraram as rédeas de uma fábrica que produz para o mundo inteiro depois de receberem os ensinamentos de quem a fundou e lhe terem injectado modernidade. Encantado porque falam do projecto deles com o orgulho de quem acredita mesmo que está a fazer o melhor pelo cliente final. Fiquei encantado, porque sou fã de gente empreendedora mas que não exibe gratuitamente as suas capacidades, méritos e feitos. Preferem que se descubra aos poucos e por cada um, o que de melhor se tem. Depois desse encontro percebi que eu não estava errado quando tempos antes tinha comprado quase ‘por acaso’ uns sapatos, e mais tarde ficado encantado com a evolução da marca. Quanto sinto qualquer coisa que me diz para acreditar, não há nada que se me meta em frente e eu acredito! Mesmo que o mundo não acredite e mesmo que toda a gente me diga o contrário. Sou orgulhosamente teimoso em coisas destas e no início deste ano resolvi conhecer de perto a Cavalinho. Ver as gentes que trabalham, os que cortam a pele, os que desenham os que costuram, os que atendem o telefone, os que fecham caixas, os que pensam as colecções, os que estão em lojas… percebi que são família e se orgulham de ser para lá da ditadura do sangue. Calçar Cavalinho este ano para mim foi importante, porque este foi um ano decisivo na minha vida. Há momentos que ficam porque eu sou dos que acha que é preciso saber ler nas entrelinhas. Não sei o meu dia de amanhã, mas sei que enquanto me lembrar da mudança que as coisas sofreram em 2018, vou lembrar-me que tinha nos pés Cavalinho. Isto pode ser apenas uma coincidência, mas pode também não ser, porque há muitos anos atrás, numa passagem de ano no Porto eu comprei uns sapatos novos que ficaram esquecidos no Hotel, e nesse hotel a minha vida também mudou. A Cavalinho é uma marca portuguesa. Orgulhosamente portuguesa e quando vocês me elogiam os visuais, eu fico super orgulhoso porque regra geral, quando tenho sapatos nos pés,  se reparem de lado tem um cavalinho cravado que me ajuda a seguir em frente. Não nos custa nada valorizar o que é nosso. O que é nosso tem mais de nós do que imaginamos

 

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