… Todos mentimos. Não gosto daquelas pessoas que batem com a mão no peito a dizer ‘eu nunca’. É mentira! Todos mentem, uns mais que outros, uns por maldade, outros sem se darem conta, e na maioria das vezes mentimos porque é a maneira saudável que parte do mundo criou para que a outra parte pudesse andar em frente. Que seria se quando alguém nos perguntasse qualquer coisa disséssemos a verdade do que sentimos naquele momento? Um chefe, um colega, uma vizinha, um namorado, a senhora da loja… Não dizemos a verdade. Muitas vezes não o dizemos para estarmos confortáveis, porque a mentira evita a crispação desnecessária e, de vez em quando, sofrimento. Estas são as mentiras ‘brancas’, que nos fazem falta. Por isso mentir faz parte da nossa cultura. O que não gosto, não alimento, não alinho é numa vida de mentira onde não há a capacidade de se dizer a verdade, não por receio da tal ‘crispação’ mas porque não há capacidade de enfrentar a verdade. Não reclamo para mim toda a verdade do mundo (era o que faltava!), mas reclamo aos que me rodeiam uma verdade absoluta nas coisas fundamentais, que vão muito além de saber se umas calças me ficam bem, se o cabelo agrada, se tenho barriga ou mau hálito, por exemplo. As verdades fundamentais, que são a base de qualquer relação humana, reclamo-as para mim. Seguramente! Pago um preço muito alto, porque não consigo fingir que uma verdade necessária pode passar por mentira ‘branca’. Não concordo. Não é justo comigo e não é justo com quem me rodeia. Isto porque há tempos no consultório do Blog recebi um e-mail muito interessante de uma mulher que, aos 47 anos, vive uma vida de mentira ao não revelar duas coisas importantes: a sua verdadeira profissão e o facto de não ter carta de condução. Não sou de julgar, não o quero fazer, mas eu optaria pela verdade, correndo o risco de perder tudo, mas ganhar uma enorme paz de espírito. Já me aconteceu muitas vezes. Tomei, na altura, a liberdade de lhe reponder de forma privada e acrescentar-lhe uma lista das coisas que fui perdendo e ganhando ao longo da vida por ir dizendo a verdade e explicando, à minha maneira, o leve que se sentiria ao fazê-lo. Ela, emocionada, mandou-me ontem um vídeo a explicar o que aconteceu depois de se ter sentado com os que lhe interessavam e ter contado o que se passava. No começo fiquei com medo de ver a mensagem até ao fim, pensei que as coisas poderiam ter dado erradas baseadas no que lhe escrevi, porque de vez em quando sou demasiado ‘verdadeiro’, o que nem sempre é bem entendido. Mas não! Ela só queria dizer ‘obrigado’ porque escrever-me foi o melhor que fez. Fui eu, como poderia ter sido outra pessoa a aconselhar. Fiquei grato porque preciso urgentemente de sinais que me vão revelando que a verdade é o melhor caminho. Muitas vezes o que nos falta é alguém que pare um pouquinho e escute o que nos inquieta. Às vezes só precisamos ser escutados porque mentir, todos mentimos, como menti Eu na fotografia que ilustra este post. Foi elogiada no Instagram pelo sorriso e boa disposição. Tudo o que não me apetecia fazer ali era rir porque não estava bem disposto. Uma mentira ‘branca’. Mas uma mentira!
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