Deixem-me usar os meus ténis!

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Não sei se vocês são assim. Fico triste quando não posso usar o que tenho… Gosto de usar. Abusar e voltar a usar. Tenho uns ténis de pano velhos – tenho-os para ai há uns três anos – mas gosto de os ver nos pés. Fazem-me lembrar o tempo quente e os tempos vividos naquele tempo. Todos temos um cheiro. Uma canção. Uma rua. Umas calças que nos lembram qualquer coisa que nos é grato recordar. Hoje, fiquei tristonho quando olhei à janela e reparei que não podia dar uma volta à tarde pela cidade com os meus ténis de pano calçados. Acho que ficam giros com umas calças de ganga e me dão um ar citadino que todos gostavam de ter – poucos confessam, mas eu sei!… Voltando aos meus ténis, que a vocês pode parecer um assunto menor, ando com vontade de os levar à rua mas tenho andado sem motivo para os molhar. Não faz sentido usar ténis de pano a chover desta maneira. Mas queria. Queria molhá-los, porque molhados a cor fica ainda mais viva. A água – quando se usa com imaginação – tráz vida ao que toca. Os meus ténis já ficaram molhados, encharados e depois vão à maquina e voltam a ter a cor inicial. Ficam imaculados, como se nada lhes tivesse acontecido. Eu e os meus ténis temos assim esta ralação. Eu uso-os. Abuso deles. Molho-os e seco-os. Depois, eles fazem-me o mesmo. Só que como são de pano não podem decidir quando e como fazem cada uma destas coisas. Não sei se vocês são assim, mas os meus ténis de pano estão desejosos de ser molhados… Outra vez!

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