… O exemplo de Rúben!

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… Depois de ter escrito nas minhas redes sobre a visita da mãe do Rúben Boanova ao ‘dois às dez’, muitas pessoas se manifestaram com agrado pela história do concorrente. Muitas disseram-se apoiantes até de outros concorrentes, mas nenhuma ficou indiferente à história do Rúben. Eu também não fiquei nem tinha como, porque na verdade a curva daquela vida mostra bem o que muitos vivem nos dias de hoje na correria da preocupação em mostrar que está tudo bem quando está tudo mal e raras são as coisas que vão de feição. Não deve ter sido nada fácil aquilo pelo que o Rúben passou mas também não foi fácil, contar agora na televisão e recusar aquele tempo. Um tempo onde se viu vazio de vontades ao ponto de ter pensamentos que não o levariam a coisas boas. Foi o filho Lourenço que o salvou, porque foi por ele que decidiu que valeria a pena. Mas enquanto ela vivia uma dura realidade, a fantasia das redes sociais disfarçavam o caos. Por isso digo que muitos que vemos a cada dia, mais ou menos conhecidos que o Rúben, lutam de forma silenciosa conta aquilo que nos é pedido. Temos que ser bons, estar bem, ter sucesso, bom corpo, sorriso o dia todo e férias num lugar com mar quente e azul. A vida não é isso, mas até que o concorrente confessasse a todos o que viveu, para nós ele era um miúdo cheio de vida alegre e bem disposto, porque o que víamos dele era o que a rede social passava e que passava? A alegria constante, eu próprio devo tê-lo entrevistado no programa sem me dar conta do estado em que estava porque Rúben, como muitos outros, escondem o que sentem para não dar parte fraca. Porque se sempre foram felizes não vão deixar de o ser de repente… estas coisas não aparecem de repente, não aparecem sem razão e só porque sim. Há sempre um sinal e na altura é preciso dar-lhe atenção porque senão instala-se dentro e para sair é o cargo dos trabalhos. A mãe do Rúben disse-nos, lavada em lágrimas, que havia alturas em que apenas choravam juntos ‘chorava eu, ele, o pai a Tatiana…’ porque não sabia nem o que fazer nem o que se passava. Muitas vezes acontece à nossa frente, ao nosso lado e não damos conta. Quem quer, disfarça bem e a  tal ‘parte fraca’ que está enraizada numa cultura de há séculos não facilita dar o passo. Ver o Rúben no Big Brother fazê-lo emocionou-me, não só porque o fez de forma muito digna sem apontar culpados nem arranjar desculpas, mas também porque acredito que muitos ‘Rúbens’ se sentiram identificados em casa, como se sentiram as mães quando a mãe falou comigo. É uma realidade presente e é preciso olhar para Ela porque senão atropela tudo e um dia pode ser tarde. Tento estar atento, manifestar, provar… mas sei lá eu se é o certo, se estou a fazer bem. Não sei! Nao sabemos nunca, o que sei e que um programa com a dimensão e responsabilidade do BB levanta uma questão importante, ignorada por muitos porque é conveniente: a vida real por trás do Instagram. Rúben tinha que viver, pagar contas, alimentar os seus seguidores, nada disto se compadecia com um estado de tristeza profundo onde se encontrava estacionado sem saída. Não seria boa ideia olharmos com atenção para este exemplo? Tenho a certeza que sim. Mas também sei que só quem quer ser ajudado permite que alguém o faça. Se esta curva da vida serviu para, que entre família falássemos abertamente da solidão que cada um sente longe das opiniões dos outros, esta edição do BB já valeu a pena. Porque da mesma forma que a mãe do Rúben nos disse que ‘não sabia que era assim tão grave!’, há outras mães e pais que podem só agora ter-se dado conta disso, a se assim foi, chegaram a tempo.

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