… No fim se semana aproveitei para arrumar algumas coisas, abrir gavetas, organizar papelada. De tudo o que mais trabalho e gozo me dá fazer é organizar o correio que chega ao longo da semana, quinze dias, um mês. Desta vez não mexia nas cartas que vão parar ao meu apartado há mais de um mês. Respondo a tudo sempre orientando as prioridades. Sabe-me muito bem sentir o cheiro do papel de carta – a verdade é que a maioria são convites e que cada vez se escreve menos – gosto de uma carta manuscrita. Feita com cuidado. Tenho saudade dos tempos em que se enviavam cartas de amor, bilhetes de recordação. Cartas de referência a acompanhar propostas de trabalho… Hoje quase tudo foi trocado pela internet e pelos sms, no entanto, talvez pelo facto de ter uma profissão pública, ainda recebo muitas cartas de gente que na verdade não conheço. Pelo menos não os conheço tanto como eles a mim. Gosto de as ler e responder calmamente. Foi isso que fiz este fim de semana… Enquanto isso, lembrei-me muitas vezes das cartas que eu escrevi a pedir oportunidades, e o mal estar que sentia quando não recebia resposta. Mesmo quando a resposta não é a que queremos ouvir ou ler, é importante que chegue para que quem escreve não se sinta frustrado na sua tentativa. Temos sempre uma palavra a dizer. Confesso que não é fácil manter esta fidelidade, não que seja um exagero de cartas, mas porque o tempo é realmente pouco e geralmente “perde-se” com prioridades do momento. O que importa é que este fim de semana arrumei gavetas. Respondi a cartas. Não estou em falta. A resposta pode tardar… importa é que não falhe. Não acham?
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