… Os amigos!

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… Falar dos amigos, esse grupo de gente que nos entra pela vida e fica. Vai ficando. E fica. Acomodado e encostado às paredes daquilo que sentimos ou queremos sentir. Não tenho muitos amigos. Tenho centenas de conhecidos e umas dezenas largas de uns e outros que se acham amigos, mas sempre percebi desde muito cedo que a amizade é uma coisa importante. Quase sagrada. Não é para qualquer um. Um amigo é família só que a família nós não escolhemos. Podemos ter a ‘sorte’ de gostar dela e estarmos todos em sintonia ou então não, e como não sigo as regras da ‘ditadura do sangue’ apesar de ter na minha família um Porto seguro, sei que muitas vezes estão os amigos, porque a família não pode estar ou não queremos que, em certa altura, esteja. Seja por fragilidade ou protecção, não importa. Simplesmente há vezes que não queremos. Não acho que os amigos de verdade, tenham que ser amigos de uma vida daqueles que nos viram crescer e andaram no jardim escola na carteira do lado – que também os tenho – acho é que o universo de repente nos mete gente pela frente que se estivermos atentos são amigos que chegam para nos tornar os dias mais felizes e a fazer mais sentido, porque em certa forma nos apaziguam o estado de alma por muito inquieto que esteja. A amizade é uma coisa preciosa, por isso não há nada nem coisa nenhuma que se possa sobrepor a ela. Nada! À medida que o tempo avança, poucas coisas me dão mais prazer que estar com amigos horas seguidas num serão cheio de ideias mesmo que contrárias uns aos outros, um copo de vinho e gargalhadas que não permitem que se acabe um raciocínio… os amigos são pérolas de um colar que vamos compondo diariamente ao longo de muito tempo e exibimos orgulhosos para nós quando percebemos que não nos falham em momentos preciosos. Não nos falham. Não nos faltam. Não nos decepcionam… Mas depois há o resto, e muitas vezes o resto é difícil de gerir, porque os amigos são como nós: gente de carne e osso, e por isso há os amigos que sendo amigos também falham, decepcionam, como falhamos ou decepcionamos nós. Nesse caso remeto-me ao que tanto me diz a célebre frase ‘somos responsáveis pelo que amamos não pelo que os outros acham do tamanho do nosso amor’. A culpa não é deles. Em casos assim, talvez seja culpa nossa que lhes abrimos a porta do nosso espaço. Os amigos têm de ganhar o espaço em nós e perceber que espaço é esse para se movimentarem dentro dele à vontade sem cerimónia nem medo de palavras e acções, se eles não percebem nem isso nem o espaço é porque não estão atentos à ‘relação’ e estão por estar. Eu não gosto de ‘estar por estar’, e por isso me fui transformando, aos poucos, numa espécie de ‘bicho do mato’ porque me fui apercebendo que entre perder tempo com pessoas que não me acrescentavam nada ou ficar sossegado no sofá de casa, o sofá ganhava muitas vezes. Há que perceber que os amigos não têm que nos dizer a tudo que ‘sim’ como não têm de se armar em super-heróis e dizer a tudo que ‘não’ só para contrariar. Eu acho que relações de amizade são relações de amor, por isso, é preciso que de vez em quando eles percam a cerimónia, se atrevam, cheguem sem avisar e nos ‘invadam’ o espaço sob pena de, por se fazer tanto silêncio e se ter tanta cerimónia, acabar por matar a chama do que havia, quando o que havia era um grito silencioso que damos por dentro e que os amigos têm obrigação de reconhecer. Se não reconhecem não são amigos. São outra coisa qualquer. E aí o sofá é sempre a melhor escolha

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