… A ausência é necessária acima de tudo para se perceber com a justa distância o que se tem feito e se pode ainda fazer. E vocês? Todos os que estão a ler estas linhas já pensaram na necessária urgência de parar? Não parar porque é obrigatório no calendário mas porque o corpo pede! Nunca fui uma pessoa de tirar muitas férias porque trabalhei sempre por minha conta e quando não trabalhava também não recebia o que na logística do dia a dia significava gastar em férias e não ter receitas, quem trabalha a recibos ou é seu próprio empregado sabe o que quero dizer. Ficou-me sempre no sangue a justa ligação entre os dias de descanso e o trabalho a ser feito com a responsabilidade que vai para lá do que me manda a lei. Acontece ainda hoje e vai acontecer sempre. Isso é o mais importante! O que importa é que parar é fundamental e não é preciso apanhar um avião para o outro lado do mundo e postar uma fotografia na net para ter a aprovação de toda a gente. Parar, nesta fase da minha vida significa a total ausência. Ficar apenas comigo com os meus pensamento, com a minha música, os meus escritos, os meus livros, os meus passeios … ficar. Apenas ficar sem relógio, sem telefone, sem agenda, sem mais nada. Há quase dois anos que estou envolvido num bolo emocional gigante que não é fácil de gerir. É uma factura que se paga. Passar por três reality’s, pelas manhãs, por uma mudança pessoal, por mudanças profissionais…. E acumular tudo empurrando com a ‘barriga’ a ressaca de cada uma delas é muito bonito mas um dia sente-se. Não sou de ferro, não sou uma máquina. Sou uma pessoa, senti por isso a urgência de parar sob pena de não dar a quem merece o meu melhor. Nesta profissão, ou em outra qualquer é assim que tem de ser, parar sem medo apenas com o objectivo de limpar. Limpar e arrumar. Tentem fazer o mesmo. Aposto que quando voltarem, tem o precioso da vossa intimidade. Isso também faz parte, porque há uma altura onde tudo passa tão de repente e a correr que parece que não temos nada só nosso. Parece que tudo tem que ser partilhado senão não existe, senão não se fez, senão não valeu a pena. Não vão por esse caminho. Não o escolham. Não é o melhor! Feito este ‘reset’ há um caderno cheio de folhas para preencher. Com mais força, com mais vontade e seguramente com mais verdade. Seguramente!
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