Quando eu era pequenino…

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… Achava que sonhar era meio caminho andado para um futuro feliz. Que o azul era uma cor bonita, mas não imaginava que iria gostar tanto dela. Que o amor pode resolver muitas coisas, mas dá muito trabalho amar incondicionalmente alguém que não nos corre nas veias. Sonhava em fazer televisão e brincava aos festivais, sempre a lutar para que o sonho – além de meio caminho – fosse uma realidade. Achava que a escola era um porto de abrigo. Que os amigos seriam os mesmos. Que a mentira era castigada com um puxão de orelhas mas não tinha noção do mal que ela me podia fazer quando dita pela boca tanto queremos. Quando era pequenino, confiava ainda mais do que confio hoje, e foi por ter crescido depressa que me deu jeito passar a confiar menos. Confiava que os bebés vinham nas cegonhas, que os filhos não seriam filhos de pais separados, que problemas como a droga, a violência e a fome não saltavam dos filmes e se me acontecesse algo de mal, de repente aparecia o Kit que era o carro fantástico e me levava dali para fora. Levava-me para o lugar dos grandes, onde os pequeninos têm o direito a continuar a ser pequenos, a rir e a viver sem nenhum tipo de responsabilidade… Agora, com mais um metro e mais trinta anos, acredito que se dependesse de mim teria sido pequenino mais algum tempo.

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