... As coisas continuam a fazer sentido. As coisas fazem sempre sentido quando encontramos nelas alguma razão. Vivemos todos, uns mais que outros, resignados ao que conseguimos ter dentro do esforço que cada um faz para isso. Há coisas que eu, por momentos, pensei que deixariam de fazer sentido. Mas que sentido faria isso? Se as coisas acabaram por encaixar umas nas outras com a claridade de um jogo de Tetris. Se recuar uns anos, talvez nem seja preciso tanto, lembro-me de pensar que aquilo só fazia sentido assim. Talvez daquela maneira e naquele momento o sentido fosse aquele. Era um sentir de verdade. Nunca fui de meias tintas. Houve outra altura em que achei que não fazia sentido ter só aquele sentir. Depois um dia acordei e esqueci-me de sentir. Do sentido de sentir. Mas mesmo assim as coisas continuam a fazer sentido porque havia uma razão para ter acordado sem sentir. E assim, as coisas continuam a fazer sentido. Como estes ténis que calcei tantos anos depois. Lembro-me de há anos, quando ao fim do dia os descalcei, pensar 'nunca mais os vou calçar. Já não tenho idade para isto'... e ali ficaram. Escondidos uma data de tempo. Hoje renasceram até com direito a elogios. Voltaram a fazer sentido.
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