Seis horas em dois dias…

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Foram seis horas em dois dias. Seis horas metido num comboio entre Lisboa e o Porto. Fui ontem depois de almoço e voltei hoje oo fim do dia. Não gosto de conduzir. Sou despistado. Um azelha e acho muito cansativo fazer viagens destas. Por isso sempre que posso aproveito para ir de comboio. Sozinho é muito aborrecido. Já não aguento as canções que tenho no I Pod (não sei meter cá outras). Não consigo ler em andamento… Resolvi parar os olhos na paisagem e recordar. Fui longe. Muito longe. Cheguei à minha primeira viagem de comboio que me levou ao Algarve há muito tempo, atrás de um “grande amor” – pensava eu na altura. Paguei um dinheirão e ainda fiz escalas absurdas para ir de Elvas a Lagos. Quando dei por mim estava nos anos oitenta. Fui feliz nessa altura. Talvez não soubesse mas era feliz. Agora também sou. Mais e muito. Só qu ede maneira diferente. Menos inocente. Já com feridas… Nestas seis horas sem nada que fazer, sem ninguém para conversar – farto de ver os mesmos videos que a CP passa no ecrã – apenas fixei os olhos na janela com o sol a bater na cara e pensei em mim. No que fiz neste tempo todo, no que quero, no que me esperava quando chegasse a Santa Apolónia. Uma viagem longa destas acaba com a disposição de qualquer pessoa. Chegamos mortos! Eu que me canso por tudo e por nada, cheguei com energia e ao contrário do que faço sempre, falei muito com o taxista sobre a vitória do Benfica (eu a falar de futebol!?). Estava animado e tenho a certeza que aquelas seis horas me fizeram bem. Foram um filtro – pelo menos hoje – daquilo que eu quero. Do que acho importante. Do que não preciso e do que é fundamental. Planeei coisas novas, apaguei sms antigas do telefone (ainda tinha algumas do Natal), decidi aceitar alguns trabalhos, recusar outros que não valem tanto a pena… Pensei em mim. Muito em mim. Deu para pensar em tudo, afinal de contas foram seis horas em dois dias.Ps. O que fui fazer ao Porto? Nada. Absolutamente nada.

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