… Parti como queria partir há já muito tempo. Sem avião. Só pedir a Deus bom tempo para que esta minha aventura na estrada corresse bem. Não levava grandes expectativas. Uns dias de férias e o desejo de conhecer melhor terras e gentes. Um lugar relativamente perto, mas que tivesse sol e me ensinasse alguma coisa. Comigo levei uma mão cheia de vontade, que é mais que suficiente quando se quer fazer qualquer coisa bem feita. Na minha mala Samsonite –  uma verdadeira companheira de aventuras – apenas calças de ganga,  calções, casacos de malha e camisolas confortáveis. Não sabia o que ia encontrar. Na mochila o computador e pouco mais. Queria o Sul de Espanha… e foi nessa direcção que fui. Fui indo. Fui conhecendo. Por coincidência, na sexta feira parei em Sevilha, sexta feira Santa. Quem não viveria a sexta feira Santa de Seviha? Coisa maravilhosa! Talvez não tenha sido exactamente coincidência. Tinha de ser! Continuei… Fui descobrindo praias sem dono, lugares de coisa nenhuma. Belezas por descobrir. Campo, cidade e uma mistura dos dois. Dormi em lugares muito bons, mas também em maus com quarto sem direito a televisão. Comi muito e comi sempre bem. Engordei. Apanhei sol. Foi muito bom e não me adianta escrever tudo o que senti. Foi uma viagem de descoberta. Devagarinho, a tocar Gibraltar… Devagarinho sem nenhuma expectativa. Vim mais cheio. Mais preenchido. E apesar dos muitos km de carro, volto descansado.