… Vamos falar de dor? Da dor física, aquela que nos incapacita de fazer a nossa vida normal. A que achamos que nunca nos vai bater à porta. Eu lido muito mal com a dor. Fico impotente perante ela. E os meus últimos dias não foram nada fáceis à conta da menina dor que se instalou no meu corpo sem pedir licença, me roubou o sono e acabou com as rotinas que tenho no meu dia. Anulei os treinos, os passeios, trabalhar transformou-se num esforço físico, mas precisava fazê-lo porque daria em louco se não o fizer. No começo ela veio devagarinho e negligenciei o sinal que ia dando. O trabalho e o dia-a-dia estão em primeiro lugar, não é!? Não devia ser. Devíamos parar ao primeiro sinal. Primeiro uma noite sem dormir, depois duas, três…. a dor que, não sendo aguda, é persistente e ramifica para várias zonas do corpo. Não foi fácil chegar ao diagnóstico certo, porque antes dele foram os analgésicos, os relaxantes musculares, as massagens, a acupuntura…. depois o médico, depois outro. Depois os exames, outro e mais outro. Eu não gosto do hospital. Fico literalmente a tremer de me imaginar lá ou apenas ir. Tive de ir. Fiz o que toda a gente faz, esperei o diagnóstico e com ele vinha uma lesão da cervical. Parece que não nos acontece! Mas aconteceu… agora é respeitar este cocktail de medicamentos e olhar para eles como o meu melhor amigo, porque são eles que me vão levar a dor. Depois ser acompanhado pelos médicos e prometer fazer o que eles dizem. Acrescentar à minha agenda horas de fisioterapia e tratamento com uma boa osteopata que me vão pôr fino como antes, se bem que mais alerta. Eu digo sempre a brincar que por fora estou bem mas por dentro ‘todo queimado’. Queimado não estou, mas estou aflito. E como lido muito mal com estas coisas tenho medo, fico pequenino e só apetece ficar na cama tapado até à cabeça, com os olhos arregalados à espera que tudo passe. A vida, quando crescemos, diz que não pode ser assim e a experiência diz que não deve ser assim. Então como deve ser? Não há ninguém que nos diga como devemos fazer. Vamos tropeçando nas decisões até acertamos mais ou menos. Estou a escrever isto sentado na sala de espera de um hospital. Faço-o meio emocionado porque acho sempre que estar aqui sentado nos torna frágeis. Não é nada grave. É uma quantidade de dor por conta de uma lesão que, se tudo correr como eu espero, fica na história das minhas arrelias dos 44 anos. Mas a dor é minha, sou eu que a sinto e não nos adianta achar que é maior ou menor que outra dor qualquer, por isso dá-me alguma graça quando o médico me pergunta ‘Cláudio, de 1 a dez, quanto é a dor’… Lembro-me sempre das mulheres que dizem que os homens não sabem gerir estas coisas, que são exagerados. Talvez sejamos, sim. Respondi ‘talvez um oito‘. Eu lá sei avaliar o tamanho da dor! Não sei. Sei que a tenho. Só não quero que tome conta de mim.
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