… Que inventou o banho foi quem inventou o sono. Foi uma alma caridosa que se lembrou de atenuar o cansaço de alguém só porque sim. Ou será que ninguém inventou nem uma coisa nem outra e a coisa deu-se apenas por ser dar? Pensamento disparatado que acabei de ter, depois de ter adormecido no sofá da sala como há muito não acontecia acabadinho de vir do treino. Duas horas talvez em sono profundo, ainda de equipamento vestido. Depois um banho quente. Daqueles onde a água escalda a pele, onde a água limpa por si só, ajuda a limpar o que temos colado ao corpo e tantas vezes dentro dele. Um banho lento, demorado (que não é a mesma coisa), cheiroso… foi uma tarde daquelas que não se tem sempre, que não se pode ter sempre. Debaixo do duche, com a água a escaldar-me na cabeça com o cabelo colado à testa, pensei em mil coisas. Coisas que deveria fazer, ter coragem de fazer e que não faço porque tenho uma filha… É ela. Hoje é ela a única pessoa que me coloca um travão naquilo que devia fazer hoje e que – mais uma vez – adiei. Os filhos também são isto.
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