… Voar, com o coração colado ao peito!

Por

… Por estes dias, um amigo mandou-me esta fotografia. Emocionei-me quando a recebi, é impossível não fazê-lo. Chegou num dia especial e sou dos que mantém a opinião que as memórias são tudo o que temos. Já vos deve ter acontecido, um dia qualquer no meio da rotina, esquecemos tudo o que está à volta e debruçamo-nos só no que o registo fotográfico nos lembra. Eu consigo sentir o cheiro. Está é a minha Leonor. Ela, quando me cabia nos braços amparada pelas palmas da minha mão e Eu embevecido com o melhor que tenho na vida. Ela, quando cheia de manhas parecia pedir que os meus dedos a acalmassem ao tocar-lhes as costas suavemente como se fosse um teclado de piano, enquanto lhe cantava qualquer coisa. Ela, que adormecia serenamente depois de uma birra que fazia, quase sempre ao final da tarde, mas quando a ia meter na cama abria os olhos como se estivesse muito desperta e cheia de vontade de escutar o que se falava na sala… O cheiro, o espreguiçar miudinho, o respirar contra o peito, o coração a bater, o apertar dos dedos pequeninos prontos para agarrar tudo… saudades. Quando vejo para esta fotografia percebo que mudou quase tudo, menos a forma como olho para a minha filha! Quando digo que mudou tudo é porque mudou mesmo. Eu sou outra pessoa, naquela altura pensava ter para a minha vida um caminho semelhante ao que tenho hoje profissional mas pessoal estava longe de o imaginar assim. Se pensar melhor ainda, acho que o mundo está diferente, logo as diferenças em nós teriam que vir ao de cima. Lembro-me muito destes primeiros dias de Leonor e do medo que tinha de não conseguir. Ainda hoje penso isso, ‘e se estou a fazer alguma coisa errada?‘ .. não se sabe, não temos um livro de instruções para educar os filhos, resta-nos ir fazendo o melhor que sabemos ou intuímos. A intuição é que deve guiar a nossa vida. Sou muito dos que pensa assim. Hoje mais que nunca, por isso quando se junta a intuição à razão não há nada que se nos meta pela frente. Importante é seguir. E quando olho para o olhar que tenho pela Leonor nesta altura já tinha dentro dele muita vontade que se orgulhasse de mim. Prometi fazer tudo para que isso acontecesse. Acho que tenho conseguido ser um bom pai, sinto que ela está na fase em que preferia que o pai não fosse ‘conhecido’ mas sente-se orgulhosa do caminho. Escutou muitas conversas e disse-me uma vez um frase muito bonita sobre voar que eu já usei muitas vezes, ‘voar está para as pessoas como a vontade de fazer mais e melhor sem levantar os pés do chão’. Penso exactamente igual, e acho que de sonhos devemos todos ser recheados e nunca poderemos permitir que nos cortem as asas, porque se quem nos conhece não fica feliz com o nosso voo é caso para duvidar do coração dessa pessoa. No lugar dele poderá ter uma gaiola… e ainda por cima fechada. Eu tenho amigos que ficam felizes com o meu voar e eu com o deles. Eu fico sempre muito feliz e orgulhoso quando os meus afectos levantam asas, descolam e não têm medo de seguir… correndo os riscos, mas seguindo. É bom ter amigos e registos destes, que nos remetem, para lá dos voos que fazemos, para o lugar que nos pertence. Para o lugar onde, aconteça o que acontecer, fomos colo. Temos colo

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