… Voltei! Amo o meu trabalho, mesmo que de vez em quanto o questione, esteja cansado, saturado e muitas vezes desiludido com coisas que vão acontecendo nos vários projectos que tenho, nunca o meto em causa. Nunca! Gosto muito do que faço. Tinha saudades. Saudades de entrar em casa, do cheiro da casa, do cheiro da Cristina, deste abraço, da troca de olhares, do improviso e do riso desempoeirado. Eu não sou de afectos constantes nem de grandes mimos. Não gosto de os ‘vulgarizar’. Sou meio desligado dessas coisas. Acho que é uma defesa que me acrescentou a vida. Mas ao longo destes dias pensei muito na ‘casa’. Na casa da Cristina que é também a minha casa, porque mesmo que viva ao lado é ali que meto a alma quando a porta abre. Quem diz a porta, diz a janela, o telhado, a garagem, a cozinha, o quarto, a casa de banho… que ali o céu é o limite e posso entrar por qualquer lugar. Gosto deste abraço que me chega dos braços dela que estendidos me acolhem. Não é o abraço de cena. É o abraço do ‘chegaste!’. Gosto de perceber isso, porque me fazia muita falta sentir isso. O abraço de quem nos quer por perto. A luz da casa é a mesma. A decoração está igual. As janelas entreabertas como sempre e porta fechada no trinco para entrar qualquer pessoa que venha por bem. Senti saudades da casa, da dona da casa, da energia da casa, que cada vez que abre a porta apesar da mesma luz, da mesma decoração e das mesmas paredes, é sempre diferente. Estes dias longe fizeram-me perceber ainda melhor o importante que este projecto está a ser para todos. Não só para a Cristina, não só para mim, mas para todos os profissionais e para tudo o que rodeia o meio e o ofício. Ao longe, afastado de tudo sem saber de nada, percebi ‘Cláudio, tens uma sorte do caraças. Estás ali. Abres aquela porta todos os dias!’ Essa é a verdade. Tenho a sorte de aqui estar, mas sempre disse que isto não é só sorte. É trabalho. Dedicação. Empenho. Entrega. Esforço. Alma. Muita alma porque, ou se faz televisão com alma para que seja honrada como deve ser, ou não vale a pena fazer por fazer. Vale-me muito a pena isto. Valeu-me de muito este abraço. Estou de volta. Vamos a isto!
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