… 73 anos de mãe! (A vida dela dava um filme)

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… A minha mãe não gosta que se fale dela, nem que se escreva sobre ela! Mas hoje é o dia dela. É minha mãe há 45 anos, mas nasceu há 73. Mãe de nove filhos e cinco netos. As mães não são todas iguais, não podem ser, nem devem ser. Não queria ter outra mãe. Tenho esta, que sabe exactamente o que cada filho é e que respeita sem questionar. A liberdade com que nos criou, a disciplina com que nos educou e o rigor na formação de carácter, faz com que, hoje, cada um dos seus oito filhos, apesar de todos diferentes entre si, tenham escolhido um caminho que a orgulha. Ser mãe é estar. É  à minha mãe a quem devo a minha vida e definição de carácter. A minha mãe viveu toda a sua vida agarrada à bandeira da liberdade. Viajou, namorou, casou, teve filhos, conheceu o mundo, estudou, e é uma das mulheres mais cultas que conheço. Fala de tudo e em vários idiomas, tem uma vida que dava um filme, vem de uma linhagem rara, foi modelo, actriz, herdeira, empresária, empregada, trabalhou no campo, foi uma aventureira e, à frente no seu tempo, foi uma orgulhosa mãe solteira… E, lá atrás, alguém lhe passou a mensagem que o que faz uma pessoa é a forma como trata os outros. Essa é a melhor lição que se pode passar a um filho. Somos oito irmãos, temos dias bons e dias maus, mas temos uma mãe que dentro da sua vida nos passou as ferramentas para que a nossa fosse feliz. Não foi fácil a vida da minha mãe a partir de certa altura. A minha mãe ficou sem mãe muito cedo. Depois sem pai. Mas não foi caso único, e não faz dela melhor nem pior. Não viveu amargurada com isso, nem com o facto de ter perdido um filho, nem com o facto de ter visto o seu casamento acabar, a sua fortuna desaparecer… Agarrou sempre a vida de frente com os olhos postos num dia melhor. Agarrou-se ao trabalho, aos filhos, aos netos e aos livros. Não conheço ninguém no mundo que goste tanto de ler como a minha mãe. É uma mulher culta, educada, rabugenta (como todas as mães), mas acima de tudo é uma avó maravilhosa, a quem eu devo muito pelo muito que fez e faz pela minha filha. Tem muito mais tempo de ser avó do que foi mãe, porque a vida é feita assim. Mil anos que eu viva, não terei palavras para agradecer a dedicação à minha filha Leonor. Há coisas que não se dizem, porque as mães conhecem os filhos, melhor do que os filhos conhecem as mães. Eu tenho uma grande mãe mas a minha filha tem a melhor avó do mundo!… E sem ela tudo seria muito mais difícil. Nasceu há 73 anos e se um dia eu conseguir, faço da vida dela um filme. Seguramente!

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